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por Jessica Grant*
Jesus estava no barco com seus discípulos atravessando o mar quando um vendaval colocou em risco a vida de todos eles. Ele dormia. Depois de certo tempo, os discípulos desesperados acordaram seu Mestre perguntando se ele não se incomodava com suas mortes. O barulho do vento, da água e talvez até dos trovões era tanto que mal se podia ouvir o que falavam. De repente, ao mandar de seu Mestre, o vento e o mar acalmaram e um tremendo silêncio falou muito mais alto.
Todas as vezes que vi esta cena interpretada, com os sons produzidos pelas mãos dos próprios atores, me arrepiei ao me deparar com uma singela representação do maravilhoso e enorme poder de Deus em meio ao forte silêncio que impressionou a todos naquele barco.
Um evangelho em 90 minutos. Esta é a proposta da peça Experimento Marcos (em inglês The Mark Drama), que já passou por pelo menos 11 países. Conheci o projeto através de estudantes espanhóis e belgas na Assembleia Mundial da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE), em 2011. Animados, contavam como tinha sido ótimo estudar e realizar a peça tanto para seu relacionamento com Deus e o crescimento do grupo, quanto para aumentar e variar a missão.
O Experimento Marcos, como é chamado em espanhol e em português, é uma peça que adapta para o palco o Evangelho segundo Marcos. A plateia fica em círculo, a ação acontece no centro e em corredores, envolvendo os espectadores na história. Quinze pessoas, só sete com papéis fixos, atuam sem figurino, cenário e trilha. Esses atores não precisam ter experiência profissional, só o comprometimento com Cristo e a seriedade na preparação. São seis semanas de estudo pessoal do Evangelho, em que cada um lê os textos, medita e decora a ordem de eventos do livro. A ideia de Andrew Page, teólogo inglês e idealizador da peça, é que Marcos teria escrito a obra para que ela fosse ouvida e, portanto, aprendida por memorização. Para isto, ele dividiu o Evangelho em seis seções. E é realmente possível e fácil memorizar todos os fatos narrados em ordem.
Depois das seis semanas, há três dias de ensaio e duas a três apresentações seguidas. Durante o estudo que precede o palco, a ideia é que todos possam se aproximar do nosso Salvador. Em seu livro, The Mark Experiment, Page conta que o objetivo é “aprender o Evangelho de forma que possamos conhecer melhor a Jesus”. Foi por isto que Karina Román, estudante de nutrição de Santiago, no Chile e participante do Grupo Bíblico Universitário, a ABU de lá, decidiu entrar para o primeiro grupo de preparação do Experimento no hemisfério sul. Para ela, a obra transformou sua vida completamente. “Meditar na Palavra de Deus nos faz mudar. De tanto 'mastigar' os eventos de Marcos, Deus fala à minha vida e discerne o que há em meu coração, como diz em Hebreus 4.12.”
Em fevereiro deste ano, Andrew Page, acompanhado de Jo Wilson, uma inglesa que trabalha na Espanha, foi ao Chile preparar a peça pela primeira vez no hemisfério sul. Da capacitação, participaram estudantes e obreiros chilenos, uma colombiana e uma missionária inglesa que está na Argentina. Tive o prazer de também fazer parte deste grupo, sendo capacitada para dirigir o Experimento Marcos no Brasil em breve (depois, claro, de traduzir o material).
Karina Román atuou na primeira apresentação, em Temuco, co-dirigiu outra, em Santiago, e em junho irá dirigir mais uma vez. Para ela, os 90 minutos são uma forma criativa de apresentar o Evangelho, talvez mais atraente para os não cristãos que longos filmes e sermões. “É uma oportunidade que não se pode desaproveitar! Já para crentes, é um refresco, um reencontro com Jesus que nos leva a ver novos detalhes do Evangelho”. A obra se torna o texto fora do papel. “Não há uma motivação maior na peça do que entregar [à plateia] a Palavra em essência; apresenta-se o Evangelho de Jesus dinâmico e de serviço tal qual Marcos escreveu há 2 mil anos”, conta.
O historiador e pastor Ziel Machado, em uma de suas pregações sobre a relevância da igreja na Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), mencionou o texto em 1 Pedro 2.9 no qual diz que somos “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Somos chamados para anunciar. Sendo assim, como disse Ziel, a busca por múltiplas linguagens na igreja levam a mensagem de Cristo além. Os meios artísticos, no caso o teatro, são uma destas formas variadas, criativas, inovadoras que podem ser usadas para anunciar as grandezas de Deus.
É desta forma que me sinto cada vez mais incentivada a terminar a preparação do material de estudo do Experimento Marcos em português para, então, buscar as equipes e realizar a peça em solo brasileiro. Com esta linguagem diferente, acredito que não só os atores se aproximam de Cristo de forma viva e intensa, mas também os espectadores. É um estudo bíblico de 90 minutos, no qual nosso coração na plateia não para de ser confrontado com os relatos de Marcos, com nosso Deus poderoso, gracioso e vivo.
* Jessica Grant é jornalista e estudante de Letras. Recém-eleita diretora de relações públicas da ABUB, também integra o grupo local da ABU São Paulo.
* * As fotos são do GBU Chile.
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