Ajuste de foco!

A jornalista Lívia Andrade, da diretoria da ABP São Paulo compartilha um pouco sobre o ministério na capital e a relevância do grupo para sua formação cristã.

 

 

Como você conheceu a ABP e por que se integrou a este ministério?

Eu não fujo à regra. Terminei a faculdade em 2002, mas demorei para deixar a ABU. Em 2003, no meu primeiro ano de formada, eu estava morando com os meus pais, ainda sem emprego e decidi participar do CF. Até então, eu tinha pouco conhecimento sobre ABP. Sabia que existia porque no meu IPL deram uma pasta que sobrou do Congresso de Profissionais de BH. Mas naquele ano, a Lígia Pupo deu uma oficina sobre ABP. Fui porque já conhecia algumas pessoas, mas sem muita expectativa. A oficina me surpreendeu. Foi sensacional, baseada na música Roda Viva do Chico Buarque, que se encaixou perfeitamente com o momento que eu estava vivendo. Falamos muito sobre a transição do meio universitário – aquele que eu já conhecia bem e me sentia confortável – para o profissional – algo que me assustava, por causa da inexperiência. Saí de lá pensando: “se um dia eu for trabalhar em São Paulo, quero fazer parte do grupo”. Em 2004, comecei a trabalhar na Selva de Pedras e lembrei do grupo. Tinha medo de andar na cidade, então protelei um pouco, mas em 2005 eu fui no meu segundo encontro de ABP.

Por que o ministério com graduados é relevante?

No ano de 2008 decidimos estudar a Contracultura Cristã. Esses estudos me fizeram repensar seriamente meus valores. Comecei a perceber que, quatro anos depois da minha chegada a São Paulo, eu tinha me tornado consumista e com uma visão distorcida do que é sucesso profissional. Num dos nossos encontros, o Rodrigo Zenun falou sobre Contracultura da Vitória, a partir da música Vencedor, de Marcelo Camelo. O trecho:

“Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor”

Fez um rebuliço na minha percepção. Comecei a pensar na vida de Cristo e de como eu estava caminhando em sentido errado. Enfim, foi fundamental para eu ajustar o meu foco. A reflexão (segue abaixo) do final do estudo sobre a Contracultura do Descontentamento foi outro divisor de águas que me ajudou a silenciar diante do barulho ao redor e voltar para a simplicidade do ensinamento de Cristo.

1-Desenvolva um estilo de vida com limites, e não de luxo. Compre menos ou fique sem. Como um ato de auto-disciplina e, como um meio de afrouxar o laço da cobiça, escolha gastar menos do que você pode gastar.
2-Cultive a generosidade e não a avareza. A compaixão e a generosidade são antídotos da avareza. Dê mais do que você acha que pode para uma causa que o Senhor colocou em seu coração.
3-Enfatize o valor pessoal mais que do que a riqueza. Determine gastar mais tempo pensando e trabalhando no seu caráter futuro do que no seu futuro financeiro. Se você já tem um plano de previdência privada, que planos de aposentadoria já fez para seu caráter? Que tipo de pessoa idosa você quer ser?
4-Invista no eterno, não apenas no temporário. Ore por um projeto no Reino de DEUS que venha a cativar a sua paixão, desafiar seus talentos e inspirar o investimento do seu tesouro.
(Cultivando o contentamento, Gary Inring)

 
Quais os sonhos para a ABP São Paulo?

O meu sonho é que o pessoal tenha mais compromisso. Todo mundo adora a ABP, mas poucos veem como ministério. E ministério implica em relacionamento com DEUS e renúncia de tempo. Em outras palavras, que você coloque aquilo como prioridade. Esse último aspecto é o maior problema atual.

Quais dificuldades vocês têm encontrado no ‘desenvolvimento’ deste ministério entre graduados?

É preciso mais pessoas compromissadas. Há muitas pessoas querendo participar de um grupo em cidades que ainda não têm ABP. No entanto, poucas têm perseverança para dar o pontapé inicial. Acho que falta a figura de um assessor nacional, alguém que dê ânimo, assim como Neemias deu às pessoas que estavam reconstruindo o muro de Jerusalém. Também falta compromisso. Acho que isso é reflexo da pressão do meio profissional. Em geral, as relações de trabalho são tão exploratórias que as pessoas ficam exaustas. A consequência é que poucos querem se envolver, ter mais responsabilidade em um ministério. Meu pedido de oração é que haja mais comprometimento. A ABP tem tudo para deslanchar, mas precisa de mais Neemias, pessoas que chamem para si a responsabilidade de começar a obra e mobilizar outras pessoas.

Quais desafios o cristão pode enfrentar no mercado de trabalho?

Acho que o desafio é manter-se no ambiente profissional e não se contaminar com a filosofia desse meio em que todos pregam que o sucesso é ter um cargo de chefia, ganhar muito bem e poder comprar tudo o que quer. Precisamos diariamente voltar para Jesus, vigiar, orar, pois só assim conseguiremos ser sal e luz, ao invés de nos amoldarmos ao mundo. Os primeiros anos da vida profissional, ao meu ver, são os mais difíceis. No meu caso, eu queria começar a trabalhar, ter experiência e, algumas vezes, fiz coisas contra os meus valores. Lembro de ter me passado por uma secretária para conseguir dados para uma matéria. No momento, eu pensei: “Ah, todo mundo faz isso”. Mas depois cheguei à conclusão que não queria ser este tipo de jornalista. Acho que isto é meio geral. Cada profissão tem seu calcanhar de Aquiles, algo que todo mundo encara como corriqueiro, mas que não é correto. Como cristão, temos que nadar contra a corrente. Mesmo porque, se vamos dizendo sim, chega um momento em que nos tornamos insensíveis às coisas erradas.

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