Por Pabline Félix
Em defesa da criatividade e do papel social da arte como um dos valores do Reino, o fórum “A missão da arte na missão” ultrapassou, em muito, a moldura em que é envolto o tema. Uma discussão crítica mostrou ser do artista o papel de profeta na sociedade, já que “antes de os teóricos sistematizarem a realidade, são os artistas que sentem a atmosfera da sociedade e a retratam através da sua arte”, como salientou a arquiteta urbanista Liz Valente, também envolvida com teatro no grupo ART 490, de Viçosa (MG). Natan de Castro, obreiro da região Centro-Oeste da ABUB, e Vitória Meirelles, cantora bailarina e pesquisadora, completaram a formação da banca de peso no debate.
A divisão entre secular e religioso foi outro ponto importante da discussão. Partindo do pressuposto de que o meio em si – como o ritmo, a tela, o corpo – são bons, já que são frutos da criação de Deus, é o propósito a que se destinam que agregará valor à produção. Nesse sentido, é também responsabilidade do artista orientar sua produção afim de que revele o Seu Senhor.
Mas nem toda arte é utilitária: é também fim artístico embelezar o mundo. “Isso é também revelar a Deus. A criatividade também é uma característica de Deus”, salienta Natan. A necessidade de o meio cristão acompanhar a produção dita “secular” foi apontada pelos palestrantes como a principal dificuldade em encontrar relevância para o que é feito, atualmente, pelos artistas conhecidos como “gospel”. Um exemplo é apontado por Vitória: “A dança foi muito estigmatizada como vitrine do corpo e, assim, da sensualidade. A dificuldade das igrejas lidarem com o dilema sensualidade-sexualidade acabou afetando a própria arte e o que é produzido hoje na dança parece ter parado no século XIX. Os figurinos são grossos e não privilegiam os movimentos, que são, na verdade, os protagonistas dessa manifestação artística”, declara.