Por José Miranda Filho
Presidente Nacional da ABUB
Alguns fenômenos naturais, como os raios, que eram anteriormente atribuídos pelos homens como “ação dos deuses”, hoje podem ser reproduzidos em laboratório. Alguns cientistas acham que isso mostra que acontecimentos atribuídos a Deus, como criador, nada mais são do que manifestações da natureza.
Para eles as “criações” têm explicações não no terreno religioso, mas no terreno da ciência (química, física, biologia, psicologia, etc). Ao usar experimentos para provar a ausência de um Criador, no entanto, eles acabam trazendo uma contradição: o homem é o “criador” destes pequenos milagres, destas circunstâncias que reproduzem o que os criacionistas dizem terem sido criadas por Deus.
O homem mostra que, para a reprodução de fenômenos naturais, há necessidade de alguém para preparar e provocar o acontecimento. Ora, se as imitações de fenômenos naturais precisam de um “preparador”, quanto mais as ações originais da natureza. Na tentativa de negar o Criador o homem se torna o “criador”. A criatura que cria, exatamente por ter sido criada à “imagem e semelhança” do Criador.
Assumindo o papel de fator iniciador de pequenas criações ele prova que os fenômenos vêm de um fato gerador, proveniente de outro fato gerador, indefinidamente, até chegar ao gerador inicial: uma pessoa. No caso das imitações, o homem é a pessoa que inicia o processo (o “faça-se!”). Se a imitação nos experimentos humanos exige uma pequena pessoa como iniciadora do processo, quanto mais a criação original, a Pessoa que iniciou O Processo, a Criação.
Cada ciência (química, física, biologia, psicologia, etc) tem suas leis. Leis bem inteligentes, por sinal. Achar a origem dessas leis não é tão fácil como descobrir seu funcionamento. O milagre não é a ocorrência do fenômeno, mas a criação das leis que originaram o fenômeno. Dizer que essas leis surgiram sozinhas, por geração espontânea, é no mínimo tão difícil de acreditar quanto qualquer mito criado pelo homem. Veja que até um mito precisa de alguém para ser criado: Quem “escreveu” essas leis? Como elas se harmonizam entre si? Como e quando ocorreu o “luz, câmara, ação” (o começo de tudo)?
Como em uma peça teatral, ou produção cinematográfica, há um grande trabalho antes que o começo realmente ocorra. Todo o cenário, todas as condições para que o show ocorra, é montado antes da peça. Cada participante da peça tem o seu lugar previamente estabelecido e, para que haja sucesso, tem que estar em harmonia com os outros. Quando a peça começa a plateia não vê o produtor, nem a equipe de apoio. No caso hipotético de uma peça interminável, depois de gerações de atores e plateias, é muito provável que a plateia,e quem sabe até os próprios atores, esqueça que houve um criador da peça e tenha a ilusão de que a peça surgiu por acaso, a partir da reunião casual de pessoas, mesmo que não se pergunte de onde vieram essas pessoas. Nessa situação não é incomum esquecer-se ou desacreditar não somente de quem criou a peça, mas também de quem idealizou, preparou e montou cada parte dela.
Se não podemos mostrar, em laboratório, que existe o Criador, também não vejo saída racional conclusiva para se afirmar cientificamente que tudo começou por acaso. Não é científico afirmar categoricamente que não existe o Criador. Nesse ponto, seguindo o rigor científico, a religião tem, no mínimo, o benefício da dúvida. Afirmações sobre isso acabarão sempre no terreno da fé, experiência pessoal e intransferível, que traz ao que crê uma relação espiritual (não estou falando emocional ou psicológica) que não pode ser medida ou identificada através de experiências laboratoriais.
Nós cristãos cremos que a Bíblia é a palavra de Deus, o criador de todas as coisas, revelada pelo Espírito Santo, para nos anunciar a pecaminosidade dos homens e a salvação através de seu filho Jesus Cristo. Isso não é matéria de laboratório. A Bíblia é um livro que nos foi dado para alimentar a alma e orientar nossos relacionamentos com Deus e com o próximo. Ela é discernida espiritualmente. Esta fé cristã é gravada nos corações, transformando-nos em novas criaturas, testemunhada a partir de experiências pessoais, intransferíveis, vividas no poder do Criador.