Viagem ao Mato Grosso Do Sul
No final de 2013, enquanto pensávamos no planejamento de trabalho para 2014, eu, Aline e Phil, obreiros regionais da ABU SP/MS, entendemos que uma das maiores necessidades era aumentar o número de visitas dos obreiros aos grupos da região, especialmente aqueles em cidades mais afastadas e que nos últimos anos não contaram com a presença mais próxima de obreiros ou de assessores auxiliares. A ideia não era organizar treinamentos ou preparar oficinas (como costumávamos fazer nessas viagens), mas principalmente estar lá, conhecer os estudantes e as universidades dessas cidades, participar dos estudos bíblicos, pegar a fila do bandeijão, andar de ônibus até o campus, ouvir suas histórias e desafios (na missão e nos estudos) e por fim orar com eles.
Nesse momento, ao retornar de uma viagem de 6 dias, passando por 3 cidades do estado do Mato Grosso Do Sul, sinto que pela graça de Deus, planejar essas visitas aos estudantes, foi uma sábia e necessária decisão diante do momento que vivemos na região SP/MS! O contato mais próximo com os núcleos e estudantes, permitiu perceber de maneira muito mais clara as necessidades e carências dos grupos, bem como entender como posso exercer melhor meu papel de obreiro regional na formação e acompanhamento das lideranças desses grupos. Essa percepção teria sido bem mais difícil de se ter durante um treinamento ou contato mais breve e formal. Além disso, esses encontros foram sem dúvida alguns dos momentos mais marcantes e encorajadores em minha breve caminhada como obreiro regional da ABUB. Sentir o amor dos estudantes pela missão e o carinho deles ao me receber renovaram minhas forças e disposição, me lembrando que o Senhor continua sustentando e renovando a obra missionária estudantil em todos os cantos desse país. No texto a seguir você pode conferir um breve relato de como foi essa viagem nas cidades de Dourados, Campo Grande e Corumbá.
Dourados
Essa agradável cidade no sul do estado foi minha primeira parada assim que cheguei ao MS no dia 29 de Maio. Dourados é hoje a única cidade que tem um GB oficialmente filiado à ABUB no estado, sendo também o maior e mais estruturado grupo. Essa foi a terceira vez que estive por lá (participei de um treinamento em 2012 e do CR em 2013), mas só agora posso dizer que conheço realmente um pouco da cidade.
Em Dourados conheci os campus da UEMS (estadual) e UFGD (federal) que curiosamente ficam exatamente na mesma avenida, um em frente ao outro, e compartilham uma mesma biblioteca, o restaurante universitário, entre outras instalações. O número de estudantes que passam por ali todos os dias é muito grande e vem de praticamente todas as regiões do país.
Participei do estudo bíblico na UEMS (em que estiveram presentes apenas estudantes de direito) e em seguida na UFGD. Os núcleos dessas universidades cresceram muito nos últimos meses, mas, como praticamente em todos os outros grupos da região, eles continuam sendo desafiados a envolver mais estudantes não-cristãos e também a encontrar líderes comprometidos para assumir a responsabilidade de coordenar os trabalhos nos próximos semestres.
Outro grande privilégio dessa viagem foi poder reencontrar Cadu, Hadassa e Alana, 3 grandes amigos que conheci em outras visitas e treinamentos da ABU. Os 3 já terminaram (ou estão bem próximos de terminar) seu período como estudantes de graduação e ainda assim continuam ajudando os estudantes mais novos e encorajando-os a permanecer no Evangelho e na Missão. Foi muito bom poder ouvir sobre suas alegrias, um pouco de suas crises vocacionais, orar com eles e passar alguns momentos divertidos de conversa relembrando boas histórias.
Por fim, compartilho a grande alegria de ter me hospedado na casa da família de uma estudante que tem se envolvido recentemente com a ABU. Fui muito impactado pelo envolvimento e serviço deles à igreja local e pela hospitalidade e liberalidade com que me receberam. Enquanto estive hospedado nesse lar também tive a oportunidade de participar de um pequeno grupo de jovens da Igreja Presbiteriana e falar um pouco sobre o trabalho da ABU, encorajando os universitários que estavam presentes a se envolverem com esse movimento e a compartilharem do amor de Cristo em seus estudos e profissão.
Campo Grande
A segunda etapa da viagem foi em Campo Grande, capital e maior cidade do estado. Atualmente Campo Grande não tem núcleos de estudo bíblico ativos em suas universidades, o que para nós é uma preocupação e motivo de oração.
Por causa dessa situação, no planejamento da viagem eu não considerei passar muito tempo por lá, mas como obrigatoriamente precisava fazer uma escala nessa cidade, no roteiro até Corumbá, consegui agendar a participação em um culto de jovens da Igreja Presbiteriana Independente. Foi uma experiência curta, mas muito boa, apresentei em 15 minutos o trabalho da ABU e convidei universitários e estudantes de ensino médio presentes a participarem de iniciativas como a ABU e testemunharem do Evangelho em seus contextos estudantis.
Depois do culto sai pra comer um lanche com o pessoal e continuar conversando sobre missão estudantil. Precisei ir embora com pressa pra não perder o ônibus para Corumbá e fiquei com a impressão de dever ‘não-cumprido’, pois haviam algumas pessoas muito interessadas e não consegui oferecer muita ajuda nesse pouco tempo, já que naquele momento, com as passagens compradas e cronograma definido, fiquei impossibilitado de mudar o roteiro da viagem.
Corumbá
A terceira e última etapa da viagem era a mais distante e foi onde eu passei mais tempo. Corumbá fica na fronteira do Brasil com a Bolívia, e é conhecida como a Capital do Pantanal e também uma das cidades mais quentes do país.
A cidade é menor do que Dourados e Campo Grande e conta apenas com um pequeno campus da UFMS, mas que graças ao novo método de ingresso nas universidades federais através do ENEM (Sisu), tem a maioria dos estudantes oriundos de outras cidades e estados bem distantes. Isso tem dado uma “cara” bem diferente ao grupo de ABU que começou lá em 2013. Os estudantes, que na maioria das vezes só retornam para suas casas uma ou duas vezes por ano devido à distância, tem encontrado no grupo de ABU uma verdadeira família durante o período letivo. Outro fato interessante é que essa dinâmica tem permitido a eles envolverem alguns amigos não-cristãos que também estão distantes de suas famílias, mas que se sentem muito acolhidos pelo grupo.
Mesmo que por um curto período de tempo foi muito bom poder fazer parte dessa família, participar de um almoço de domingo, cantar nas rodas de violão, passear pela cidade e visitar as igrejas locais ao lado deles. Por ser um grupo muito novo, a maioria dos estudantes de Corumbá nunca tinha participado de eventos de treinamento da ABUB, o que tem produzido algumas dificuldades no grupo, principalmente em entender qual a melhor forma de impactar o contexto estudantil onde estão inseridos e também na produção de estudos bíblicos e outros materiais úteis para o engajamento com a Bíblia e com a universidade. Mas por outro lado, ficou muito evidente a vontade deles em aprender e se envolver mais com outros estudantes e grupos da região SP/MS.
Tive também a oportunidade de compartilhar sobre o trabalho da ABUB em duas igrejas no domingo que, mesmo sem ter muitos estudantes universitários presentes nos cultos, se comprometeram a orar e apoiar a missão estudantil em Corumbá.
O retorno da viagem foi na terça-feira, 3 de junho, com parada novamente em Dourados de onde peguei o voo para São Paulo. Foram 6 dias cheios, de muitos quilômetros rodados, novos contatos e novas amizades, mas acima de tudo a certeza de que o Senhor da Missão está agindo nas universidades do Mato Grosso do Sul e tem levantado nessas cidades trabalhadores para cooperarem nessa Missão!
Alguns pedidos de oração para os grupos de ABU no MS:
– Que o SENHOR levante estudantes dispostos a começar grupos em Campo Grande;
– Que os estudantes de Dourados e Corumbá se envolvam mais com suas universidades e seu colegas não-cristãos e assim testemunhem do Evangelho;
– Que os estudantes dessas cidades consigam receber melhor formação para a missão estudantil;
– Que o SENHOR prepare assessores auxiliares (ou em tempo integral) e também outros profissionais que já passaram pela ABU que se disponham a morar em uma dessas cidades servindo a esses grupos.
Curiosidades da viagem:
– O percurso total da viagem (ida-e-volta) foi de aproximadamente 3270 km! Metade foi feita de avião e o restante de ônibus, carro, moto e a pé.
– Um dos resultados dessa viagem foi a vinda de 7 estudantes do MS (6 de Corumbá e 1 de Dourados) para participar do Curso de Férias em Bauru no mês de Julho! Foi incrível a forma como Deus trouxe cada um deles, levantando recursos, reagendando provas, etc, mas seria preciso escrever um outro texto só pra contar o que aconteceu com cada um.
– O uso das recentes tecnologias foi crucial pra essa viagem dar certo. Durante o planejamento do roteiro eu tive muita dificuldade de falar com os estudantes e organizar horários de chegada e saída e detalhes da hospedagem, inclusive no dia que saí de casa com destino ao MS a maior parte das coisas não estava resolvida. Mas graças a Deus pelo WhatsApp, porque por meio das mensagens de celular fui conseguindo estabelecer contato e acertar os detalhes, no fim deu tudo muito certo.
– Não foi uma viagem de turismo, mas no meio do caminho sobrou um tempinho pra passear pela Bolívia. Foi a primeira vez que eu saí do Brasil e apesar de rodar só alguns quilômetros além da fronteira já deu pra notar grandes diferenças culturais e geográficas desse nosso país vizinho. Também deu tempo de visitar um orfanato, sustentado por brasileiros, que oferece abrigo para filhos de bolivianos presidiários.
Josué Bratfich, vulgo Caps, é assessor de tempo integral na Região SP/MS da ABUB.