Por Deborah Vieira
Uma das atividades que tive que fazer como catalizadora da Iniciativa Logos e Cosmos em 2021 foi uma investigação de campo para conhecermos melhor uma área que gostaríamos de alcançar. Com a ajuda de Joscimar Silva, que é cientista político, e de Matheus Ribeiro, que é cientista social, elaborei um questionário que foi respondido por quase 100 pesquisadores cristãos brasileiros. Eu queria conhecê-los melhor… Onde estão? O que estudam? No que acreditam? Quais suas dificuldades? – e por ora vamos focar nessa última pergunta.
Suas dificuldades principais passavam por gestão de tempo, perda de foco, excesso de atividades e questões econômicas, por exemplo: ter que trabalhar para se manter durante essa etapa da vida acadêmica. Por outro lado, também encontravam dificuldades para lidar com os estereótipos que existem sobre o cristianismo, para relacionar a área de estudo com a sua fé, sensação de isolamento, e também crises de fé. Diante disso, comecei a refletir sobre o que eu tive na minha caminhada acadêmica que me ajudou a lidar com os desafios. A resposta foi: eu não estava sozinha, eu tinha pessoas muito próximas em quem me inspirar para buscar uma forma saudável de viver o mestrado. Mas como eu poderia levar essa experiência para outras pessoas?
Durante o meu tempo na Noruega, por meio da parceria de intercâmbio que a ABUB possui com a Norec e NKSS Noruega, um órgão do governo e o movimento de missão estudantil de lá, tive uma vivência muito positiva de mentoria. Isso aconteceu tanto na escola que é nossa base, a Hald, como em Trondheim, cidade onde fiz meu período de estágio trabalhando com o grupo local. Assim, a mentoria surgiu como uma possibilidade para que pudéssemos pensar uma rede de apoio de pessoas que já conheciam a jornada da pesquisa e da pós-graduação para aquelas pessoas que ainda estavam na graduação, começando a caminhada acadêmica. Foi assim que surgiu o projeto Emaús.
Mas afinal de contas, o que é uma mentoria?
A ideia base do Emaús é reunir pessoas, nesses diferentes momentos de vida acadêmica, que possam caminhar juntas. Elas o fazem assim como os discípulos que voltavam para Emaús no texto de Lucas 24: 13-35, enquanto afinam seus sentidos, olhos e ouvidos, para perceber a presença de Jesus. O mentor, em nosso projeto, não é aquela pessoa que dirá aos supostos pupilos no que devem acreditar ou o que devem fazer, mas a pessoa que oferece ideias para reflexão, acolhimento e oração.
No primeiro ano do projeto Emaús (2022-2023), eu, Deborah Vieira, e Rafaela Roberto Dutra estivemos à frente como coordenadoras. Ao nosso lado, como mentores (além de Rafaela e eu), estavam Marcelo Dutra, Diogo Coelho, Gabriel Carvalho, Nátali C. Wendich e Gustavo Marchetti. Como mentoreandos, Iasmin Domingos (ABU Ouro Preto, MG), Leonel Rabelo (ABU São Luís, MA), Levi Medeiros (ABU Itabira, MG), Pedro Felipe (ABU Salvador, BA), Bruna Gonçalves (ABU Belo Horizonte, MG), Sara Caixeta (ABU Pouso Alegre, MG), Tiago Moreira (ABU Uberlândia, MG), Davi Barbosa (ABU Belo Horizonte, MG), Samuel Rodrigues (CRU Campus) e Davi Lima (CRU Campus). Como todo projeto piloto, temos a consciência de que ainda há muito o que aprimorar. Mas já ficamos alegres porque, mesmo na nossa imperfeição, Deus tem permitido que possamos contar algumas bençãos.
Entre essas bençãos, o obreiro da região Minas Gerais, Heitor Barboza, afirma que é possível perceber alguns efeitos colaterais do projeto. Um exemplo é o fortalecimento dos estudantes da região que estão animados em reativar grupos locais. Para o estudante Tiago Moreira:
“Participar do projeto Emaús mudou minha perspectiva sobre a pesquisa acadêmica. O contato com o mentor e os outros participantes do projeto me fez perceber que não estava sozinho. E contar com o apoio do mentor para compartilhar dúvidas e expectativas foi essencial. Ter alguém que já passou pelo processo, capaz de aconselhar e orar nos momentos cruciais, foi reconfortante. Essa experiência mostrou que a pesquisa não precisa ser solitária e que o apoio mútuo é fundamental para o crescimento pessoal e profissional.”
E é nessa alegria que estamos anunciando a abertura do processo seletivo de estudantes para o segundo ano do Emaús.
O que esperar do projeto Emaús?
- Encontros em grupo para compartilhar, aprender e refletir sobre questões da fé e demandas da vida acadêmica.
- Encontros individuais com uma escuta ativa sobre suas questões pessoais e a busca por meio das trocas para uma jornada mais leve para os compromissos diários.
- Inspiração e referências para viver a universidade de forma leve e saudável, testemunhando de Jesus nas relações e partilhas de reflexões sobre a vida acadêmica e disciplinas do seu curso.
O que você precisa para poder se inscrever?
- Participar de um grupo local da ABU.
- Ser estudante de graduação engajado com pesquisa ou que tenha interesse (iniciação científica, extensão etc.).
- Ter compromisso e pontualidade para reuniões online.
- Comprometimento de tempo para leituras.
- Comprometimento para entrega final de estudo bíblico indutivo.
Clique neste link e preencha o formulário de inscrição até o dia 30 de junho de 2023.
Atualização: entre os dias 6 e 13 de julho é possível se inscrever numa segunda fase para o projeto Emaús, no mesmo formulário listado acima. Agora, abrimos as inscrições também para pós-graduandos interessados em ter esse acompanhamento. Se tiver dúvidas, entre em contato conosco!