Por Jessica Grant
Abraços de saudades, apresentações e muito por aprender. O primeiro dia do Congresso Nacional da ABUB de 2012 foi marcado pelo reencontro de amigos, boas novidades e momentos de reflexão. Pela manhã, depois de um momento de louvor e leitura bíblica, Ricardo Wesley Borges, secretário geral do nosso movimento entre os anos de 1998-2006 e atual obreiro da ABUB/IFES no Uruguai (CBU), expôs a mensagem sobre a primeira carta de João, do capítulo primeiro ao 2:6.
Ricardo ressaltou a presença do verbo “crer” nos escritos do apóstolo João, mais do que o substantivo “fé”, mostrando o agir como parte da crença e muitas vezes relacionado à obediência. João era qualificado para escrever sobre os fatos e aprendizados que o impactaram pessoalmente. A carta foi escrita depois de muitos anos de ministério de João, para um contexto onde havia cristãos abandonando a fé. João buscava, com suas palavras, fortalecer o caminho dos demais.
No trecho estudado a mensagem “vista e ouvida” é apresentada com oito condicionais “se”. “Andar nas trevas é diferente do que andar com o Senhor, na luz”, disse. A comunhão afiada com Deus nos mostra cada vez mais o quanto somos pecadores. A ideia do pecado e da mentira da afirmação de que não pecamos são ideias recorrentes. Analisando cada “se”, Ricardo mostrou, entre outras coisas, a ideia do perdão comunitário, da purificação abrangente, de Cristo como advogado, da prática da verdade que leva ao conhecimento de Deus e da obediência em amor. São oito condições, no trecho bíblico, para que a vida seja manifestada, condições que apresentam afirmativas para a luz, a comunhão, e negativas para o pecado, a escuridão, a mentira. Para finalizar, Ricardo questionou: “Como levamos o testemunho da vida manifestada em Jesus para o nosso meio estudantil?”.
O privilégio de andar na Luz – Partindo do texto de João 15, Ziel Machado, historiador, ex-secretário geral da ABUB, ex-secretário regional da CIEE América Latina e atual pastor da igreja Metodista Livre da Saúde, procurou mostrar como Jesus andou. História, metáforas e uma visão prática permearam sua fala que partiu das conversas de Jesus na proximidade de sua morte.
Israel no Antigo Testamento era mostrado como a videira que não cumpriu sua função, já Jesus aparece no Novo Testamento como a verdadeira videira e nos convida à intimidade com ele. Da mesma forma que Deus amou o Filho, o Filho ama os cristãos. Fomos separados para ter uma relação íntima com Jesus, o que é um privilégio. Mas isto chama a uma responsabilidade: obedecer.
A obediência é uma resposta de amor ao privilégio, a santidade buscada deve, portanto, preservar a vida. Há uma implicação ética e prática. Ao cumprir esta responsabilidade temos uma recompensa: a alegria completa, de Cristo. “Tem uma alegria que só entende quem cruza a linha de chegada”, comentou o maratonista, “que independe das circunstâncias e que nenhuma outra fonte pode satisfazer.” Andar como Jesus andou implica, portanto, andar na luz, em santidade, preservando a vida.
E na prática?
O momento da tarde foi mais dinâmico e buscou ver como esta caminhada é realizada na universidade. Na mesa, mediada pelo estudante de pós-graduação Eliezer Silva, estava Raphael Freston, Jequélie Cássia e Paulo Kurka.
Raphael, estudante de ciências sociais da FFLCH/USP, iniciou a conversa a partir de sua experiência na faculdade, onde vê um ambiente combativo. “Isso pode ser hostil, mas você precisa ir até as últimas consequências. Você é colocado para pensar sobre as suas posições”, afirmou.
Buscando responder à questão “o que significa seguir a Cristo hoje e andar como ele andou na universidade?”, Raphael questionou: Ele andaria com maconheiros? O estudante incentivou aos demais a andar com seus colegas, sendo santos. É preciso que o padrão de Jesus seja adaptado às condições históricas; é indispensável uma abordagem que sensibilize com o contexto e, para isso, é preciso conhecer a cultura, o meio social e as cosmovisões para ser apropriado abordar a comunidade universitária.
Abordando mais a ação estudantil na universidade, Jequélie Cássia, estudante do último ano de medicina da UFES, lembrou que o final do curso é uma época de reflexão sobre o que se fez na universidade. Olhando para trás, ela vê a descoberta da importância do engajamento no espaço estudantil. Como quem participou do diretório acadêmico, vê quase como uma obrigação do estudante cristão se envolver, podendo fazer isto de várias formas. “Missão é estar no ambiente e entender o propósito do que se está fazendo”, disse.
Como formado, Paulo Kurka, “sempre-ABUense” e professor universitário, alertou aos estudantes: “Seja como você é”. Ele vê estudantes não aproveitando o potencial próprio, mas buscando corresponder a expectativa dos outros. A universidade é um momento de descoberta das ideias e do mundo do conhecimento: saber manusear é importante e fascina; mas no final, na presença de Deus, ele vai perguntar por que “você não foi mais você”. Paulo também relembrou como na sua época, quando havia poucos cristãos no meio universitário, a ABU teve um papel importante de conciliar a fé e razão.
Depois destas três abordagens, foi aberto um tempo para a discussão, em que muitos perguntaram e expuseram suas ideias. Foi questionado como pregar o evangelho, mas manter o respeito com os não-cristãos, como lidar com o cristianismo dentro de um mercado de ideias e como lidar com as faculdades particulares.
Já outros, abordaram como é bom fazermos nosso papel, mas deixar os resultados para Deus. Às vezes nos sentimos vendendo uma ideia, mas devemos deixar para o plano de Deus esta parte de convencer o outro. Ganhar argumentos, muitas vezes, é uma atitude presunçosa para entrar no mercado de ideias. Mas é ótimo buscar o diálogo, compartilhando de uma postura humilde.
(Áudios do Congresso Nacional estão disponíveis online. Todas as programações também são transmitidas ao vivo, neste canal. Veja fotos no álbum de nossa página no Facebook.)