Boletim Literário: Uma Esperança! Um Salvador!

O boletim literário tem por objetivo incentivar a literatura e a arte na região. Será publicado mensalmente no site e divulgado no Instagram, contendo resenhas e demais produções artísticas, reflexões e outros materiais de estudantes e profissionais do movimento. Este é um espaço feito para todas e todos. Entendemos que a arte também é uma manifestação do evangelho e que se somos feitos a imagem do Criador, somos chamados para a criatividade.

Nesta Sexta-Feira de páscoa, onde relembramos a obra de Salvação de Cristo, através da sua morte e ressureição, a Raquel, da ABU Juiz de Fora nos convida, através de seus versos, a pensarmos sobre a nossa vida até nos depararmos com o amor de Jesus!

 

Até

A calculadora já tinha perdido a conta dos dias que haviam ido e vindo, ditados pelo tom cinza chumbo que jurava ter poder para aos poucos tirar minha visão. Confesso que demorei a perceber o poder do que estava lá fora, ou aqui dentro… Bastava-me piscar os olhos mais lentamente e escorria deles o medo e a insegurança que eu não gostaria de ver refletidos nas obras de minhas mãos. A cada manhã eu as erguia, debruçava-as sobre a mesa com a certeza aparente de que elas continuavam fortes! Por meio delas esforcei-me em manter cada trabalho cheio de contraste e cores que um dia eu consegui enxergar com clareza. Como disse, havia passado mais tempo do que minhas contas puderam tabular, e com isso eu nem percebia mais o peso de navegar por tons incompreensíveis de cinza. 

Até… (felizmente era um “até” como preposição, indicando o fim, no espaço e no tempo, dos efeitos esmagadores do chumbo sobre a palidez dos meus dias). Até o momento em que minhas mãos trêmulas caíram em si e sem precisar fechar os olhos as lágrimas escorregaram pelo meu rosto. A impotência amordaçou minha capacidade de fazer qualquer outra coisa além de clamar de todo coração “Pai!!!” e debulhar-me sobre trabalhos não tão mais coloridos assim. Foi naquele momento em que as cordas de amor e compaixão atraíram meus olhos para o Autor e consumador do que possa sobreviver às impossibilidades. Pela fé e lentamente abri a porta do meu quarto e deparei-me com tons que há muito eu não enxergava, fechei-a atrás de mim e ali me dei ao descanso. Entreguei-me ao descanso que trazia suas Palavras vívidas e poderosas, ergui meus olhos para além das frestas da realidade e os fragmentos de luz que me tocavam aqueciam meu coração ao mesmo tempo em que me traziam confiança de que a esperança está, não aqui, mas na eternidade. 

Como peregrina, juntei meus fardos, entreguei-os ao meu Senhor e deixei que Ele me desse em troca a leveza do conhecimento constante de quem Ele é. Cristo me encontrou, mais uma vez, Ele me encontrou. A certeza da volta das cores foi fincada em meu coração com a confiança em quem é digno dela. Ainda não as enxergava na realidade mas Ele era a prova do que eu ainda não podia ver. O meditar sobre teu majestoso e glorioso esplendor bastou-me para cantar Santo, Santo e Santo. Encarar a soberania de Sua graça fez-me piscar os olhos e sorrir, devido à imensa alegria, satisfação, prazer, em crer Naquele que era, que é e que há de vir.

Raquel Maia, ABU Juiz de Fora

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