Não será assim entre vocês!

Por Morgana Boostel, secretária de engajamento missionário

Agosto já está chegando ao fim, e o semestre que está só começando já deve ter começado a dar sinais do seu ritmo. Quantas disciplinas? Quantos dias e horas na faculdade ou escola? Já definiram todos os dias de encontro da Aliança Bíblica Universitária (ABU) ou Aliança Bíblica de Secundaristas (ABS)? Sim, o tempo no espaço de estudo é um tempo muito especial e muito corrido. Espero que as palavras fichamento, prova, trabalho em grupo, seminário, prova prática e algumas outras desse universo não gerem traumas em vocês. Vivemos a montanha russa de amar e odiar esse tempo de estudos.

Mas por que estamos nos empenhando tanto nesse processo?

Estudar é para muitos a esperança de uma vida melhor, para outros é a oportunidade de manter o padrão de vida. Portar um diploma de nível superior ainda é considerado essencial por muitos que querem uma vida melhor. Às vezes esse é o sonho de toda uma família, que nunca teve acesso ao ensino superior.

Vivemos em um mundo que nos diz que devemos ser sempre mais, porque só assim alcançaremos sucesso. Somos impulsionados a entrar de maneira agressiva e competitiva no mercado de trabalho, e nossa formação muitas vezes é pensada como o espaço para nos preparar para isso, para ser um profissional de sucesso.

Mas eu queria trazer Jesus para nossa conversa e lembrar um ensinamento dele. Em Mateus 20:25-27 ele explica:

“Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo.” (NVI)

Nossa formação serve a quem? Apenas aos nossos interesses ou temos nos preocupado em servir ao nosso próximo e à sociedade? Será que vamos para as aulas, grupos de pesquisa e laboratórios apenas preocupados com o profissional de sucesso que seremos ou desejamos que ali aconteça uma formação que manifeste os princípios do Reino de justiça e nos portamos como servos?

Lidamos com esse “tempo de estudos” apenas como uma etapa a vencer ou a encaramos como parte de nossa missão de servir? Não, não estamos nesse lugar apenas por nós mesmos. Estamos em missão, uma missão de serviço. E servir não é apenas criar ações de serviço. Na ABUB temos muitas iniciativas de serviço, tenho certeza que isso alegra o coração de Deus, e devemos fortalecer essas iniciativas. Mas servir não é apenas fazer algumas atividades, é uma postura, uma ética. Quero chamar isso de compromisso. E isso transforma a forma como olhamos tudo.

Quero sugerir algumas possibilidades de compromisso com:

  • A comunidade: ao se comprometer com as pessoas ao redor tiramos o foco de nós mesmos e passamos a nos importar. Sabe aquele colega que tem dificuldade em uma disciplina ou que está passando por um momento difícil? Escute, procure ajudar, se informe sobre os meios de apoio, estude junto… Se importar com as pessoas não é perder tempo, é viver em missão!
  • A universidade e escola: ao nos comprometermos com uma escola ou universidade mais justa e forte não beneficiamos apenas a nós mesmos, mas a toda a comunidade. Você já pensou em participar dos conselhos e espaços de representação discente? Acompanhar e fiscalizar o uso dos recursos e projetos desenvolvidos? Sabe quais são as condições de trabalho do corpo docente? Servir a universidade ou escola é pensar não apenas em sua geração, mas no futuro da educação.
  • Futuro profissional: na contramão do sistema, precisamos de profissionais comprometidos com os princípios do reino. Buscar caminhos de uma atuação profissional que faça a diferença, que promova a vida, a justiça e o amor por onde esteja. Engenheiros, médicos, professores, advogados, administradores, oceanógrafos, psicólogos, cientistas e toda sorte de profissionais que possam fazer a diferença em seu local, indo contra o deus Mercado, o deus dinheiro e desamor em nosso mundo. Assim manifestamos o Reino de Deus.
  • Oração: uma das formas que podemos nos comprometer é orando. Aprendi na ABU que um dos desafios de se orar é que a resposta pode implicar em responsabilidades, e você pode fazer parte dela. Para orar precisamos conhecer, refletir e colocar-nos diante de Deus e sua palavra. Quero lhe convidar a assumir um compromisso de oração sobre algumas questões que impactam nosso campo de missão:
  1. Reforma do Ensino Médio: passamos por uma reforma recente (feita por uma medida provisória) e ela ainda precisa ser implementada. Muita coisa deve mudar no Ensino Médio se a nova normativa for seguida. Existem mudanças positivas, mas nem todas. Oremos para que os impactos positivos superem os negativos, e que a legislação possa ser aprimorada.
  2. Financiamento das pesquisas e investimentos na educação: vocês devem ter ficado sabendo do risco recente de corte de bolsas de pesquisa, como Capes, CNPq e Finep, o que inviabilizaria grande parte das pesquisas em nossas universidades. Além disso, com a PEC do teto aprovada em 2016 — que congela a possibilidade de execução orçamentária do governo por 20 anos –, a educação, ao lado da saúde e assistência, já tem sofrido cortes de investimentos. Oremos para que as universidades possam ser espaços de produção de conhecimento relevante, comprometido com o bem viver de todos, e que nossas leis e nosso governo possam ser mais justos e preocupados com a educação.
  3. Eleições 2018: neste ano escolheremos presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Certamente os candidatos têm propostas para educação, assistência estudantil, incentivo a pesquisa e outros temas que afetam diretamente o mundo estudantil. A que interesses os candidatos têm servido? Oremos por uma eleição pacífica e que os eleitos se comprometam com o bem comum.

Façamos diferença em nosso meio, façamos uma missão que transforma a vida das pessoas. Que possamos ser uma missão serva!

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