Por Reinaldo Percinoto
“Então, Jesus aproximou-se deles [os onze discípulos] e disse: ‘Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos’” – Mateus 28:18-20
No último mês de janeiro, o movimento nacional esteve reunido na cidade de Campinas (SP) para dois importantes momentos: a reunião do nosso Conselho Diretor (CD) e a realização do Instituto de Preparação de Líderes (IPL). Dois momentos distintos, mas igualmente importantes para a nossa missão. O primeiro um encontro administrativo e de planejamento.
O segundo um encontro de treinamento e formação. Mas ambos “respirando” o mesmo desejo: fazer discípulos de Jesus Cristo no meio estudantil, que o confessem como Senhor de todo o universo e que vivam à luz desta confissão em todas as esferas da vida. E esse nosso desejo, por sua vez, é motivado pelo reconhecimento desta mesma autoridade universal do Senhor que nos comissiona, e fortalecido pela promessa confortante de Jesus de que estaria conosco até o fim! O texto bíblico que norteou nossa reflexão durante boa parte do segundo semestre de 2010 foi o Evangelho de Mateus.
E esse processo continuou no IPL 2010, onde os 71 estudantes presentes (incluindo três norueguesas e dois paraguaios) puderam refletir durante três semanas sobre a pessoa e as reivindicações de Jesus Cristo, enquanto Mateus nos mostrava uma vez mais que Ele é o Messias e que nele as profecias judaicas encontram seu completo cumprimento. É interessante observar que a história do ministério de Jesus contada por Mateus começa e termina na Galiléia (3.13; 28:16). No último parágrafo deste evangelho ficamos sabendo que os discípulos (agora sem Judas Iscariotes) foram uma vez mais para a Galiléia, para um encontro pré-agendado por Jesus (26.32; 28.7). Eles estavam no “monte que Jesus lhes indicara” (v.16), quando ele apareceu. Mateus nos conta que quando os discípulos o viram, o adoraram. Mas alguns duvidaram. O evangelista não omite a luta dos primeiros discípulos entre a adoração e a dúvida. Por que? Provavelmente para mostrar aos leitores originais (e a nós!) que a “grande comissão” não foi dada a pessoas perfeitas, a gigantes espirituais, mas sim a um grupo de aprendizes (discípulos) devotos, mas igualmente falhos.
No verso 18 Jesus afirma que Deus lhe deu toda a autoridade nos céus e na terra. Esse provinciano galileu que havia sido crucificado, e agora aparecia diante de seus antigos seguidores como o Filho do Homem vitorioso sobre a morte, reivindica autoridade universal! E todo o restante da sua comissão se ergue sobre essa reivindicação fantástica! Isso fica mais claro no verso 19, onde a palavra “portanto” liga a tarefa de fazer discípulos ao verso anterior. Ou seja, o mandamento para fazermos discípulos de todas as nações só tem sentido se a reivindicação do verso 18 for verdadeira. É interessante notar também que o verbo principal “fazer discípulos” é acompanhado por três gerúndios, que definem a maneira como a comissão de Jesus deve ser levada a cabo. O primeiro, “vão” (que poderia ser traduzido como “indo”), indica que a formação de discípulos deve estar inserida na nossa vida cotidiana; onde estamos, fazendo o que estamos fazendo.
O segundo, “batizando”, mostra que o fazer discípulos envolve a introdução dos novos seguidores à comunidade cristã por meio do batismo. Por último, “ensinando” (seguido do objetivo do ensinamento – “obedecer a tudo o que eu lhes ordenei”), esclarece que o fazer discípulos é inseparável de uma formação integral orientada ao caráter ético do discipulado.
Finalmente, Jesus promete estar com eles (e conosco!) em sua missão. Assim como Ele tinha sido “Deus-com-eles” em sua vida, ele continuará conosco o dia inteiro e por todos os dias “até o fim dos tempos”! Assim, de maneira semelhante, precisamos cumprir nossa missão entre os estudantes brasileiros levando em consideração que essa missão ocorre sob a autoridade de Jesus, nos passos de Jesus e na presença de Jesus. Como nos lembra Howard Peskett, no livro A mensagem da missão (ABU Editora): “Os leitores originais de Mateus, e cada geração sucessiva de discípulos, terminaram a leitura dessa história com uma missão mundial baseada na autoridade mundial de Jesus, a ser conduzida como Jesus o faria, com a promessa de sua presença mundial por toda a História”.
Que seja assim mesmo!