Por Eliezer Silva, ABU São Mateus-ES
É uma pergunta que tenho feito todo dia, relembrando dos momentos vividos, das conversas, dos amigos, do silêncio e de toda vida que eu recebi.
Foram momentos pessoais e comunitários onde o desafio de ser formado pelo Pai se intensificou. Entenda-se formação aqui como aquela na qual o artista dá forma à sua obra, aquele processo onde o barro é manuseado até atingir a forma desejada pelo oleiro. Pessoalmente isso envolveu reflexão, choro, atenção e sensibilidade, mas gerou muita vida e paz.
As práticas devocionais aplicadas durante o IPL me fizeram muito bem e espero poder continuar – conversar com o texto bíblico e com os irmãos logo de manhãzinha, silenciar as vozes externas e internas para ouvir a Voz além de diminuir meus próprios anseios e expectativas para ouvir o Espírito e o mundo. O chamado ao discipulado foi claro, transparente e extremamente real – eu pude ouvir Jesus falando, tal qual a Levi em Mateus 9:9, “Eliezer, segue-me”. E como as ovelhas que reconhecem a voz do Bom Pastor, só posso seguí-lo. E seguí-lo é viver a Missão pois assim como o Pai o enviou (Missão), ele nos envia.
Desta forma, a própria Missão é comunitária, pois somos enviados como corpo e pelo mistério comunitário da Trindade. E a comunhão cristão foi outro aspecto marcante no IPL. Eu que muitas vezes sou duro e insensível me vi extremamente sensibilizado pela dor e alegria do outro – fiquei surpreso com Deus. Lembro de ver todos unidos em oração e no partir do pão e das palavras de Bonhoeffer: “Comunhão cristã é comunhão por meio de Jesus Cristo e em Jesus Cristo”. É aquele amor que só pode existir na nova humanidade gerada no Espírito Vivificante, lembrando as palavras de José Mirando Filho.Olhando para tudo que aconteceu e tudo o que precisa ser feito, posso dizer que o fruto desta vivência não foi somente bons amigos, boas lembranças e muita saudade, gerou confiança na vida que há em Cristo.
Não é uma confiança baseada no que sabemos ou acreditamos, mas no relacionamento que temos com Cristo e uns com os outros. É a confiança que existe por sermos espelho para refletir a Vida e Graça que há em Cristo. A confiança que nos dá propulsão para agirmos em conformidade com os valores do Reino, de anunciar e falarmos de um Reino diferente, de não nos conformarmos com o pecado que existe em nós e no mundo. Parafraseando Gustavo da Hora, “botamos fé” em Jesus e o seguimos pela confiança que temos nesta relação.
No Mestre dos mestres,
Eliezer Silva
ABU São Mateus/ES