Um passeio pelo país e pela história

por Jessica Grant

A primeira noite do Congresso Nacional (07 de junho) foi um momento de conhecer a realidade de duas regiões e compartilhar histórias. A região da ABU de São Paulo e Mato Grosso do Sul apresentou um vídeo detalhado sobre as cidades, mostrando a variedade e abrangência do movimento. Em seguida, foi a vez do grupo da região Leste exibir seu vídeo mostrando as mudanças da região. A partir deste Congresso Nacional, uma assessora auxiliar da região, Sarah Nigri, irá servir de tempo integral no sul do país, Nilsa de Oliveira assume a secretaria de formação e Pablo Gomes a assessoria da região.

De 1958 a 2012 – A seguir, Nilsa apresentou um encontro de gerações cheio de história. Para começar o momento emocionante, chamou ao palco Eliezer Arantes da Costa, engenheiro que entrou no ITA (São José dos Campos) em 1958, onde participou da ABU, e o atual estudante do instituto, André Cavalcante. Eliezer contou que em 1958 ele passou no ITA e foi morar no alojamento H8. Ele conheceu ABU no primeiro ano, mas não se lembra como. “Minha memória é muito fraca”, brincou, “acho que foi um cartaz no quadro de aviso.” Ele foi às primeiras reuniões desconfiado, mas gostou da criatividade e dinamicidade dos estudos bíblicos.

 

Teve a honra de participar do I Congresso Latinoamericano da CIEE na Bolívia, em Cochabamba, naquele mesmo ano. “Como caipira, perdi o trem”, lembrou, contando em seguida que foi lá onde ganhou o apelido de Jacaré. Quando voltaram, nos acampamentos da ABU havia uma convivência positiva. Conheceu líderes históricos, como Robert Young, Ruth Siemens, Dr. Douglas e Samuel Escobar. Aplaudido por sua perseverança, Eliezer contou que depois de anos de trabalho, já aposentado, ele completou seu doutorado aos 70 anos, em 2008, e continua estudando. “Minha ignorância aumenta na medida em que estudo”, disse. Hoje, é presbítero e ensina gestão numa pós-graduação do Seminário Presbiteriano que fica em Campinas.

Já André Cavalcante, atual estudante do ITA, afirmou que a primeira coisa que se fala do instituto é o H8, o alojamento. Apesar de ser um espaço onde há dificuldade para o cristão em arranjar um cantinho para o silêncio reflexivo, ele destacou que é uma grande oportunidade de testemunhar. Uma alegria que ele compartilhou foi a do grupo não ser visto mais como a ABU do ITA, mas de São José dos Campos, pois há novos núcleos na cidade, além de agregar a cidade vizinha, Taubaté.

Histórias de adolescentes – Partindo para as histórias da ABS, Ziel Machado contou um pouco de sua experiência na década de 70, quando era muito envolvido com a juventude batista no Rio de Janeiro e uma professora de escola dominical o convidou para um encontro nacional da ABS, onde se apaixonou pelo movimento. Na época, pode montar um grupo e foi discipulado por Roberto Costa. O trabalho da ABS cresceu no Rio, surgiram 10 a 15 grupos. Quando Ziel entrou na universidade, o pessoal da região pediu que ele continuasse cuidando da ABS na região e ele ajudou a implantar o trabalho em Niterói. Na época o grupo era muito grande, chegou a ter 50 em todo o estado do Rio de Janeiro. Com estas experiências, ele aprendeu a não desprezar os pequenos pães e peixes, viu famílias inteiras convertidas através dos estudantes que tinham iniciativas loucas para evangelizar, marcas de ousadia. “Eram estudantes sem recursos, planejamento, nada. Só a vontade de compartilhar a Deus.”

O atual ABSense Hugo Sant’Anna, diretor adjunto da ABS, não lembra quando conheceu o movimento, pois sua família sempre esteve envolvida. Quando ele entrou na escola técnica de Aracaju, seu primeiro amigo foi Caio, “um neopentecostal muito chato”, que buscava mobilizar o pessoal do colégio. “Hoje reconheço que essa chatice dele serviu pra despertar em mim essa noção de serviço. Não há outra forma de servir a Deus sem ser servindo ao próximo”, compartilhou. Iniciaram, portanto, o grupo na escola. Em 2009, realizaram o encontro estadual e elegeram sua primeira diretoria. Em 2010, levaram nove estudantes daquela região para o Congresso Nacional, quando Hugo entrou para a diretoria da ABUB. Ele também teve a chance de ir para a Assembleia Mundial em 2011, como único estudante do ensino médio no encontro. Para ele, o movimento ajudou-o nesta etapa de transição da infância para a idade adulta. “Me vejo hoje na responsabilidade de retribuir para o movimento tudo isso que recebi”, disse.

 

Profissão, militância e fé – Depois foi a vez de pensarmos a atuação pós-universidade com a história de Ageu Lisboa, ABUense de 1970 a 74, formado em psicologia. Para ele, a ABU significou acolhimento pós-conversão. Tendo vivido um período turbulento no nosso país, ele era militante e, apesar de não deixar de ler a Bíblia, deixou a igreja, onde não via espaço para sua militância então marxista e sentia a perseguição do período. Foram dias de terror. Depois de ler a Bíblia em 40 dias e se impactar com sua mensagem, ele voltou para a igreja e levou um choque, pois esta estava paralisada no tempo. Na ABU ele encontrou um espaço de transição, com liberdade para perguntar e discipulado com homens e mulheres de Deus que marcaram sua vida o chamando para a comunhão e o comprometimento. Agora, os antigos militantes o viam lá com o discurso cristão. Seu ativismo tornou-se um ativismo cristão. No Congresso Missionário de 1976 ele pode coordenar o início do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), grupo com proposta de manter vínculos de comunhão e um fórum permanente de debate e estudos da área. É possível transpor o universo da universidade e levar o Reino de Deus na teoria e prática profissional, afirmou.

Homenagem – Em seguida, foi a hora de prestar homenagem a Robinson e Miriam Cavalcanti, falecidos neste ano. O momento foi de agradecimento pelo trabalho e pela disposição do casal no ministério estudantil. Felippe Schmitt, assessor da região Nordeste, lembrou de Robinson a partir de sua experiência particular tendo ele como um contato de crescimento. Relembrou sua vida variada no movimento, na universidade, na política e na sociedade, seu incentivo e sua dedicação. No dia 21 de junho, lembrou, haverá a inauguração de um memorial em homenagem ao Robinson com toda sua biblioteca doada e disponível.

Para terminar o dia, voltamos a louvar juntos e, alimentados de histórias, testemunhos, amigos e, especialmente, da Palavra de Deus, descansamos. Apesar do frio, muitos amigos levaram o calor humano. O dia havia sido longo e pudemos aprender muito além de experimentar a variedade do movimento Brasil a fora, história a dentro.

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