Marcas de uma ABU viva: A comunhão!

Por Nilton Melo

“Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” Atos 2.44, 45

A segunda marca de uma ABU viva que descobrimos na leitura de Atos é o amor e o cuidado mútuo entre os crentes. Se a primeira marca é o estudo, a segunda é a comunhão. A palavra comunhão que utilizam algumas versões é a tradução de koinonia. Esse termo descreve dois aspectos da comunhão. O primeiro diz respeito à comunhão que temos com o Deus trino. O apóstolo João começa sua primeira carta com estas palavras: “Nossa comunhão é com o Pai e com o Filho, Jesus Cristo…”. A comunhão autêntica e verdadeira é uma comunhão trinitária, cuja base é Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Há um segundo aspecto da koinonia, que é o da solidariedade. Este é o aspecto que Lucas dá ênfase em Atos 2.44. Em suas cartas, Paulo usa esta mesma palavra, koinonia, para referir-se a uma oferta que estavam dando as igrejas. O adjetivo koinónico significa “generoso” e, nesta passagem, Lucas descreve a generosidade dos cristãos de Jerusalém.

O texto de Atos 2.45, 46 é no mínimo perturbador. Naturalmente algumas perguntas nos vêm à mente quando lemos esse texto: devemos imitar literalmente estes irmãos de Jerusalém? Quis Jesus que todos seus seguidores vendessem suas possessões e repartissem o que obtivessem delas? Sem dúvida, o Senhor chamou a alguns de seus discípulos a uma pobreza voluntária total. Esse é o chamamento que fez ao jovem rico, por exemplo. A ele, Jesus disse expressamente que vendesse tudo e o desse aos pobres. Este foi também o chamado de Francisco de Assis, na Idade Média, e tem sido o chamado de alguns cristão contemporâneos. Estes irmãos nos recordam que a vida não consiste na abundância dos bens que possuímos e nos conclamam para que vivamos um estilo de vida simples.

Contudo, não são todos os discípulos de Cristo que são chamados para a pobreza voluntária total. Não é errado possuir algum tipo de bem. Mesmo na igreja em Jerusalém, a decisão de vender as propriedades e dar tudo foi uma questão voluntária e qualquer hipocrisia nesse quesito seria veementemente combatida, como aconteceu no emblemático caso de Ananias e Safira, descrito em Atos 5. Quando passamos para o versículo 46, do segundo capítulo de Atos, lemos que os crentes se reuniam “em suas casas”. Quer dizer, continuavam tendo casa e propriedades pessoais. Pelo visto, não haviam vendido todas as casas, seus móveis e suas propriedades! Contudo alguns tinham casas, e os crentes se reuniam nelas.

Entretanto, não devemos fugir do desafio destes versículos. Alguns ficam aliviados em saber que não precisam vender todos os seus bens e reparti-los. Mas, mesmo que não seja nosso chamado particular, todos fomos chamados a nos amarmos mutuamente como faziam aqueles cristãos.

O primeiro fruto do Espírito Santo é o amor. Em particular, a igreja de Jerusalém cuidava dos pobres e compartilhava com eles parte de suas possessões. Esta atitude deve caracterizar a igreja em todos os tempos. A comunhão, a disposição de compartilhar, generosa e voluntariamente, é um princípio permanente. A igreja deveria ser a primeira entidade no mundo na qual se abolisse a pobreza. É triste vermos em nossas comunidades pessoas desprovidas do mínimo necessário para a sobrevivência. A pobreza, além de ser um problema sócio-econômico, é também um problema espiritual. A pobreza ao nosso redor denuncia a insipidez do sal da terra e a ofuscação da luz do mundo. Nós, cristãos, devemos ajustar nosso estilo de vida e viver com mais simplicidade, sem com isso pretender solucionar os problemas econômicos da humanidade, mas simplesmente viver a koinonia e demonstrar solidariedade para com todos que precisam. Não é economizar para ganhar mais, é economizar para ajudar mais. Nas palavras de John Wesley:

“ganhe tudo o que puder; economize tudo o que puder; doe tudo o que puder.”

Uma ABU cheia do Espírito é uma igreja generosa. A generosidade tem sido sempre uma característica do povo cristão porque nosso Deus é um Deus generoso e nós, enquanto seus filhos, devemos também demonstrar ao mundo essa generosidade.

Na esperança da volta de Cristo,
Nilton Melo
Assessor Auxiliar

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