Mandela: um líder de resistência

por Penny Vinden*

originalmente publicado no blog da IFES: Mandela: an enduring leader (versão em inglês)

 

Quando o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, morreu no início do mês, o arcebispo Desmond Tutu, seu amigo de longa data, citou, visivelmente emocionado, vários incidentes que ilustravam com grandes detalhes “este incrível ícone de magnanimidade e compaixão”, que foi em busca da reconciliação entre os povos da África do Sul. Jesses Jackson, ativista dos direitos civis, estadunidense e ministro da igreja, também falou de Mandela como “alguém que escolheu a reconciliação no lugar da vingança”.

Nós pedimos a Septi Bukula, membro Sul-Africano do Comitê Executivo Internacional da IFES, que refletisse sobre a morte deste grande homem que significou tanto, não só para os sul-africanos, mas para as pessoas ao redor do mundo.

Ele escreve: “O amor e o trabalho de Madiba em favor das crianças – ele criou a Fundação Crianças de Mandela (Mandela Children’s Fund) – me inspirou muito, especialmente quando tive o privilégio de servir por cinco anos no Conselho da Visão Mundial na África do Sul, um ministério com foco especial em crianças órfãs e vulneráveis. Essa inspiração continua ainda hoje, agora que minha esposa e eu cuidamos de 16 crianças órfãs”.

Na tentativa de descobrir as influências sobre a vida de Mandela, a mídia se concentra em grande parte na sua infância pobre, sua educação e sua prisão. O que pode ser pouco conhecido, porém, é que o cristianismo, particularmente o ministério estudantil, desempenhou um papel crucial para infundir os valores que o Sr Mandela encarnou durante sua vida.

Quando era um jovem estudante do ensino médio, ele foi muito influenciado pelo diretor do Instituto Clarkebury, o Reverendo G. Harris. Mais tarde, ele disse que Harris era ‘um exemplo de um homem que se dedicou, desinteressadamente, a uma boa causa… um modelo importante para mim’.

Na Universidade Metodista de Fort Hare, ele lembra que ‘éramos exortados a obedecer a Deus’. Foi lá que ele se juntou ao que era então o movimento da IFES na África do Sul – a Associação de Estudantes Cristãos (Students Christian Association) – e também se tornou ativo no ensino da Escola Bíblica Dominical em aldeias próximas. Em sua autobiografia, Longo Caminho para a Liberdade (Editora Planeta), o Sr. Mandela relata o impacto da igreja em sua vida: ‘A Igreja estava tão preocupada com este como com o próximo mundo: eu vi que praticamente todas as realizações dos africanos pareciam ter ocorrido através do trabalho missionário da Igreja’.

É uma honra profunda e especial saber que o Sr. Mandela carregava e incorporava esses ensinamentos e valores cristãos ao longo de sua vida, superar um sofrimento indescritível e, mesmo assim, fazer mais do que a maioria para formar um mundo melhor para toda a humanidade.

Reconhecendo o papel desempenhado pelo ministério estudantil na formação do ícone que o Sr. Mandela se tornou, lembro-me das palavras especiais de um colega da IFES: ‘É por isso que nunca podemos nos dar ao luxo de deixar o campus’. Hoje em dia, muitos estudantes cristãos estão inspirados a trabalhar fielmente para Cristo dentro de suas instituições, sabendo que seu trabalho poderá produzir outro ícone para a humanidade!

Agora, quando nos aproximamos do Natal, estamos especialmente gratos pelo fato de que Deus foi o primeiro a escolher a reconciliação em lugar da vingança. Paulo diz isso muito bem em Colossenses 1:19: “Pois foi do agrado de Deus que nele [em Cristo] habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz” (NVI).

Vamos nos esforçar, como Mandela fez, em seguir o exemplo de Cristo e sermos nós mesmos reconciliadores em nossas universidades e igrejas, em nosso trabalho e em nosso lazer, em toda a sociedade. Nas palavras de Daniel Bourdanné, Secretário Geral da IFES, “enquanto celebram a vida de Mandela e choram sua morte, eu oro a Deus para que lhes dê a coragem de seguir vivendo vidas que mostram o amor e a justiça do Deus vivo, mantendo os olhos fixos em Jesus, o autor e consumador da nossa fé“.

*Penny trabalha na IFES com Comunicações Globais

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