A universidade brasileira é um campo de produção de conhecimento, porém podemos perguntar: conhecimento a serviço de quem? Esse conhecimento é relevante para a sociedade de forma prática?
No segundo dia do Congresso Nacional (CN) da ABUB, em Anápolis (GO), aconteceu a segunda sessão de Mesas de Diálogos. Uma delas trabalhou a temática do “Engajamento na Universidade Brasileira“, sob a Instrução de Alexandre Brasil, pós-doutor em sociologia que, quando estudante, participou da ABU na década de 90 e posteriormente integrando o corpo de obreiros nacionais até o ano 2002.
Fomos chamados a refletir sobre o perfil multiforme de nossas universidades e desafiados a nos conscientizar sobre sua realidade. Através de dados estatísticos mostrados numa breve palestra, foi elucidada questões sobre crescimento na educação, seu perfil, as áreas, formas de investimento na educação e também uma pequena elucidação nas metodologias de ensinos que uma universidade pode trabalhar.
Esse arcabouço de informações foi o ponto de partida para a formação das cinco mesas de diálogo divididas por temáticas. Cada grupo deveria pensar num tema, que seria analisado por outro, que identificaria dois desafios para o desenvolvimento desse tema e, por fim, o último grupo apresentaria três propostas de solução das problemáticas. Uma forma de trabalho que, para a maioria que estava ali, foi nova. Apesar da falta de intimidade com a metodologia, os grupos de discussão foram muito produtivos e até mesmo acalorados.
Arlline Camimura Paiva, estudante no segundo ano de economia do e integrante da ABU Anápolis (GO), compartilhou suas impressões dizendo que “o sistema utilizado foi legal por todos estarem no mesmo nível e poderem participar ativamente, opinando e construindo a mesma temática, tentando responder a mesma problemática. Tenho entendido que há varias maneiras que um cristão pode utilizar dentro na universidade para proclamar a mensagem de Jesus. Além de estar dentro da universidade buscando aprendizado acadêmico, podemos crescer juntos em conhecimento bíblico e no processo de servir nossos colegas”.
Afonso Henrique, doutorando em ciências da saúde, que participou da ABU Goiânia (GO) enquanto estudante de medicina, relatou suas impressões, dizendo que “a capacidade de sonhar a partir dos problemas e questões apresentadas foi algo que me chamou muita atenção. Entendi que as transformações não são feitas por apenas uma pessoa em um momento especifico, mas de uma construção social e histórica. A mudanças mais relevantes e profundas são frutos de dialogo com o diferente, respeitando os processos de mudanças, sem ser violento com os proponentes de oposições”.
“Achei muito produtiva e principalmente democrática a metodologia, pois nos desafia a ir além apenas da recepção de informação e coloca o coletivo como protagonista da construção de novas perspectivas e ações. Podemos sentir que a prática se inicia na dinâmica. A aplicabilidade já pode percebida.”
Ao final das discussões todos refletimos juntos sobre os temas e problemáticas, frutos dos grupos. Como resultante, podemos perceber o quão grande é o desafio que nossas universidades apresentam para todo estudante, sobretudo, para nós, cristãos. A universidade e tudo que a compõe faz parte do nosso campo missionário e temos responsabilidade para com as suas demandas. Como movimento, não estamos dentro dos campi para levar a Deus. Deus que nos levou para os campi e nos colocou como servos naqueles locais. Os desafios das universidades brasileiras são também os nossos.
* Luiz Lacerda é estudante de teologia em São Paulo-SP e participou da ABU Minas