Hospitalidade e missão entre os estudantes internacionais

Por Letícia Novais

“Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram futuros irmãos na fé e amigos.” Esta paráfrase de Hebreus 13:2 aponta para a importância da prática da hospitalidade — nem só em hospedar anjos —, pois é da vontade de Deus não só entre o seu povo, mas também para além, uma forma de ser bênção para as nações. E grupos locais da ABUB na Região São Paulo e Mato Grosso do Sul têm sido essa bênção.


É evidente nas Escrituras que Deus é relacional e que é através de relacionamentos que podemos reconhecê-lo e glorificá-lo. Ao escolher um povo para si, ele não apenas possibilitou estarmos em comunhão com ele e com nossos irmãos, como também fazer desses relacionamentos uma forma de reconciliar os de fora (João 13:35; Atos 2:42-47). No Antigo Testamento há exemplos de Deus usando seu povo para a salvação de não israelitas, como Raabe (Josué 6:1-27), Rute (Rute 1–4) e Naamã (2 Reis 5:1-19). Além disso, ele sempre revelou seu cuidado para com os estrangeiros na lei:
“Se o estrangeiro peregrinar na vossa terra, não o oprimireis. Como o natural, será entre vós o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor, vosso Deus” Levítico 19: 33-34 (RA).

No Novo Testamento essa vontade de Deus se cumpriu de uma vez por todas em Cristo, que, por seu sangue, chama pessoas de todos os povos para se juntarem ao seu povo.

Sabemos que, enquanto grupos de ABU, ABS e ABP, podemos nos relacionar com o próximo e convidá-los a fazer parte dessa grande família, mas já parou para pensar que “os confins da terra” da grande comissão pode estar ao seu lado? Estrangeiros estão nas nossas universidades, empresas, vizinhança, convivendo todos os dias conosco.

Vejamos abaixo alguns exemplos de como a hospitalidade abençoou vidas em dois grupos de nossa região.

GUADALUPE NA ABU FRANCA (SP)

Routshild James Dorval, conhecido por James, é de Guadalupe, um departamento ultramarino da França no Caribe, e esteve em intercâmbio no Brasil em 2015. Segundo ele, ao compartilhar os momentos de comunhão com o grupo de Franca (SP), ele foi abençoado. Deus usou o grupo para abençoá-lo naquele ano, e foi o ano que mudou sua vida. Antes de chegar ao Brasil, no primeiro domingo de 2015, ele foi foi chamado ao arrependimento e creu em Cristo, vivendo intensamente o evangelho, compartilhando e aprendendo com os irmãos. Contudo, ele teve o receio da ida ao Brasil ser uma “pedra de tropeço” na sua fé. Foi então que, como ele mesmo diz: “Orou a Deus pedindo novos irmãos, pois não queria se afastar dele”. E Deus respondeu.

“Quando cheguei, perguntei pros meninos da república se sabiam de uma igreja aqui e um deles comentou da Mariko [Hanashiro, graduanda em Franca até 2016], que me convidou para uma reunião na quarta-feira, no dia 8 de abril de 2015, uma semana depois da minha chegada. Lembro-me de ter entrado na sala todo molhado e atrasado, mas valeu a pena. Naquele dia eu participei do meu primeiro estudo bíblico indutivo (EBI), e foi bom demais. A ABU me ajudou a conhecer mais a Palavra, recebi muito amor nesse grupo maravilhoso (lembro da surpresa no meu aniversário até agora [risos]), e eu quero encorajar todo jovem a se juntar ao movimento, porque é só bênção!”, diz James.

Sobre a experiência para o grupo, o estudante Luis Azevedo escreveu:
“Receber alguém de fora, de outro país, foi uma novidade para todo o grupo da ABU Franca, mesmo já estando acostumados com as recepções anuais de calouros. A presença do James em nosso grupo fortaleceu a missão de Cristo para nós, universitários, ao cruzar os nossos caminhos, de diferentes culturas, mas com uma mesma crença: na soberania de Deus em nossas vidas. Foi uma experiência marcante em nosso grupo, tanto no que diz respeito à hospitalidade com ele quanto às experiências individuais dos abeuenses ao longo da caminhada cristã. Esperamos receber muitos outros intercambistas para compartilhar desse amor que somente Cristo tem por nós!”
James está na Espanha, agora mais fortalecido em sua fé. Ele se batizou logo que voltou do intercâmbio no Brasil.

COLÔMBIA NA ABU BAURU (SP)


Leidy M. Salazar é uma colombiana cristã que está cursando odontologia em Bauru (SP). Ela diz ter sido difícil a adaptação aos costumes brasileiros, sabendo que deveria cuidar de seu coração para não se contaminar. Contudo, como ela declara: “Deus em Sua grande misericórdia me permitiu encontrar um lugar onde as pessoas conseguem se manter com um coração fiel a Deus, mesmo em meio a essa cultura marcante. E a ABU é assim, um grupo de pessoas que no meio da faculdade mostra que ser cristão é possível. Agradeço ao acolhimento que a ABU teve comigo, me proporcionou conhecimento e um lugar pra continuar formando a minha vida espiritual mesmo longe de casa”.


A estudante Amanda Martins, do grupo da ABU Bauru, disse: “Acolher estudantes de fora do país é um tanto quanto desafiador, porém tem sido um privilégio poder receber pessoas de diferentes culturas e com a mesma fé
Isso sim, me surpreende, pois, temos uma só fé em Cristo Jesus e ele nos une! Experimentei o que Paulo diz em Gálatas 3:28 (RA): ‘Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.’ Glória a Deus porque nos ensina a luz de diferentes culturas e nos traz amigos e irmãos em Cristo para nos fortalecermos! Pode ser muito fácil conseguir estar firme em Deus dentro de casa, mas quando saímos de nosso lar começamos a ser influenciados e mudamos totalmente nosso coração ou, então, perseveramos nele.

Creio que essa é uma das maiores provações da vida e glória a Deus quando conseguimos encontrar a graça e misericórdia dele m esmo longe de casa, do nosso conforto”.
Esses são exemplos de hospitalidade entre os irmãos, em que houve fortalecimento da fé e das relações. Os grupos hospedaram e hospedam amigos para a eternidade. Há outros exemplos de homens e mulheres que se depararam com o ministério estudantil fora do seu país e lá se converteram e se envolveram grandemente na missão do Reino, algumas vezes em seus próprios países de origem — lugares até então não alcançados pelo evangelho. Como seu grupo local tem buscado receber bem e levar o evangelho para os estrangeiros que ainda não são irmãos em Cristo mas estão em sua universidade?

Ser estrangeiro pode ser bem difícil. Não é à toa que Deus tem um cuidado especial em sua lei para com os estrangeiros (Deuteronômio 10:17-19) e somos convocados a ser benção para eles, sendo hospitaleiros — e pode ser praticada de várias formas — para os que estão no nosso contexto, estes que buscam aprender a nossa língua, adaptar-se à nossa cultura e ao nosso modo de vida, fazer novas amizades, muitas vezes precisando de roupas e alimento, em busca de um novo lar. Apresentem a eles um lar eterno junto à essa família cujo primogênito é Cristo!

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