Diálogos sobre o feminino

Por Eva Caroline Sena

Por Marília Teles
Durante o Curso de Férias (CF) da Aliança Bíblica Universitária do Brasil na região Nordeste deste ano, tivemos dois espaços de fala sobre as mulheres. Uma oficina chamada “Diálogos sobre o Feminino: Corpo, Sofrimento e Fé” e uma roda de diálogos sobre o mesmo tema. Abordar tais temáticas é resultado de muitas discussões vindas desde grupos de whatsapp até conversas pessoais, o debate sobre a mulher, seu lugar, sua função e por aí vai tem estado presente. Mas é também resultado de compreensões pessoais lavada em muito suor e lágrimas, como também orações. Observar as diferenças do ser feminino, perceber que Deus nos salva no alcance de nosso mais profundo ser.


Na oficina trabalhamos com duas partes: relação com o corpo em sua integralidade e salvação na integralidade do ser feminino. Na primeira apresentamos tudo que está vinculado ao ser feminino. As diferenças em relação ao corpo masculino, as dimensões estética e erótica, o sofrimento na forma de dependência emocional e relacionamentos abusivos. Na segunda, trabalhamos com aspectos de cura, apresentamos uma rede de apoio a mulheres que sofrem com dependência emocional (MADA – Mulheres que amam demais anônimas), fizemos dinâmicas para refletir sobre o que não é normal, mas achamos super comum nos preocuparmos a respeito, contamos histórias e observamos como Jesus tratava as mulheres.


O tempo foi pouco, mas o resultado foi muito positivo. Como podemos ler nos relatos a seguir.

“Participar da oficina foi um momento especial do CF. Me ajudou a enxergar que não tenho caminhado por caminhos distantes do que aprendo na Bíblia e me ajudou a entender, a lidar, sobre dor. Partilhar com outras irmãs experiências e ver como o fato de ser mulher, com todas implicações do que significa ser, nos aproxima, também, por passarmos situações semelhantes, infelizmente situações dolorosas. Mas ver que Cristo nos ensina, e é o melhor exemplo, sobre como curar nossas feridas, exercitar o perdão, promover reconciliação é bonito demais. Olhar pra si e enxergar que lidar com as dores passadas, as cicatrizes que carregamos fruto da relação com o outro, não significa esquecer, não falar sobre, mas como lidamos com elas é que é importante, nesse aspecto ouvir e discutir sobre a história do Barba Azul* foi bem interessante, provocador. Saí daquele momento mais feliz, pensando em coisas adormecidas, saí mais forte, mais firme na fé :)” – Vanessa Santos (ABU Salvador, BA)


*A história do Barba Azul é uma história que foi contada, versão francesa e eslava da história fundidas, retirada do livro Mulheres que correm com os lobos (2014), de Clarissa Pinkola Estés.


“A oficina significou pra mim um apoio. Não só um local de compartilhar as dores, mas de ver o quanto Deus tem cuidado de nós e como ele nos ama enquanto mulheres. Aprender sobre a diversidade e sobre meu próprio corpo foi um dos passos para aprender a me respeitar mais e me enxergar como Deus me enxerga” – Isabelle Queiroz (ABU Natal, RN)


A oficina superou (e muito) as minhas expectativas. As oficineiras abordaram três grandes grandes tópicos muito relevantes: o corpo feminino, violência e relacionamento abusivo, e a salvação integral do ser feminino.O que mais me marcou foi a abertura para discussão sobre como a baixa autoestima nos deixa vulneráveis a relacionamentos abusivos. Também me fez refletir a respeito de, como muitas vezes, a importância das mulheres na Bíblia é pouco discutida, o que me incentiva a buscar mais a fundo sobre suas histórias e o que o SENHOR quis nos ensinar através delas.Por fim, as meninas contaram a estória do Barba Azul (fiquei encantada com os simbolismos que carrega), que me deixou bastante pensativa durante o resto da semana. – Abinoan Rodrigues (ABU Recife, PE)


Mesmo com os retornos positivos há muito ainda a ser considerado, dialogado, pensado a esse respeito. O tempo foi curto para tanto material. Mas a vida é bastante para experimentarmos, crescermos, construirmos juntas. A prioridade na oficina foi dada às mulheres, por conta disso, nos foi aberto um espaço de diálogo com todo mundo. Em avaliação seguinte, pensamos muito sobre como os homens podiam ser inserido e participantes ativos nesse diálogo… O que, no entanto sabemos, é que machismo, como pecado que é, macula a todos nós e só Jesus consegue nos libertar do pecado. Acreditamos que o diálogo está aberto em nossa região, esperamos que gere vida para homens e mulheres.

Gostou do conteúdo?

Compartilhe nas redes sociais e faça mais pessoas conhecerem a ABUB.