Precisamos falar sobre suicídio | Setembro Amarelo

Por Rute Santos, Estudante de Psicologia da ABU Garanhus


Precisamos falar sobre suicídio.


O suicídio é um problema mundial, cheio de tabus e questionamentos. Como devemos lidar com isso? O que eu devo fazer se eu conheço alguém que quer cometer suicídio? Se tenho ideações suicidas, onde busco ajuda? O que a Bíblia fala sobre o suicídio? Vamos discutir um pouco sobre.


Estatísticas


Antes de mais nada, vamos a alguns dados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos, por isso que no dia 10 de setembro se estabeleceu o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, na tentativa de incluir a temática na agenda de saúde global desenvolvendo estratégias e alternativas de prevenção.


Em 2012, a ONU anunciou que 800 mil pessoas se suicidam todos os anos ao redor do mundo, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, é a quarta maior causa de morte entre jovens. 75% das mortes mundiais estão concentradas em países de baixa e média renda, onde as taxas são maiores em populações que sofrem discriminação como refugiados, gays, lésbicas, transsexuais, indígenas etc.


Além disso, há uma relação entre suicídio e doenças mentais, principalmente em países de renda mais alta, e a principal justificativa para isso é o preconceito com os transtornos mentais que dificultam a procura por ajuda profissional, segundo a agência da ONU.


Prevenção


Apesar dos dados gritantes, os suicídios podem ser evitados. O Ministério da Saúde em sua página no Instagram divulgou quatro passos para ajudar uma pessoa sob risco de suicídio:
Comunicar, isto é, dialogar com a pessoa que tem essa ideação. Esteja aberto para conversar, evite frases que provoquem mais culpa na pessoa. Se a pessoa não quiser falar sobre, mostre que você está aberto ao diálogo quando ela precisar.


Acompanhar- entre sempre em contato para saber como aquela pessoa está se sentido e o que está fazendo, mostrando a essa que ela não está sozinha.
Buscar ajuda profissional – incentive na busca por ajuda profissional.
Proteger – se houver perigo imediato para ela, certifique-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar sua própria morte e não há deixe sozinha.
Por fim, pensando no contexto universitário no qual estamos incluídos, é interessante propor momentos de discussão para conversar um pouco sobre o tema na universidade, levar para os núcleos de estudos da Aliança Bíblica Universitária (ABU) informações acerca do assunto e onde essas pessoas também podem encontrar ajuda profissional, abrir espaço para o acolhimento. Tempo e atenção para conversar com quem precisa já é de grande ajuda.

Onde busco ajuda?

Converse com pessoas próximas que se preocupam com você.

Ligue para o 188 CVV (Centro de Valorização da Vida) Em caso de emergência ligue para o SAMU 192 ou busque por Hospitais e Pronto Socorro.

Também é possível encontrar ajuda psicológica em centros universitários que tenham uma clínica-escola de psicologia. Esses atendimentos costumam ser gratuitos ou com um valor simbólico, se informe na sua cidade sobre as universidades de psicologia. Aos meus irmãos que pensam em cometer suicídio: A única coisa que a sua dor prova é que você é um ser humano, comunique ela, não viva esse fardo só.

Não há respostas para porquê você sofre, mas há forma de não viver de sofrer, e também não há nada de errado em comunicar esse sofrimento.

A Bíblia não é específica acerca do suicídio, apesar de encontrar diversas pessoas que desejaram morrer como Jó e Elias (Jó 3, I Rs 19:4), cada um com suas peculiaridades e motivos. O importante que você precisa saber é que Deus não desamparou nenhum deles em seu sofrimento, mas sempre falava na medida em que cada um precisava ouvir mostrando sua soberania, misericórdia e amor (Jó 38-41, I RS 19: 11-14).

Lembre-se, Deus criou todas as coisas, arquitetou cada detalhe e você é uma boa ideia que ele teve. “Tudo passa – sofrimento, dor, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando as sombras de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecido da Terra. Não há homem que não saiba disso. Por que então não voltarmos nossos olhos nas estrelas? Por quê?” (MIKHAIL BULGAKOV, O exército branco – tirado do livro O demônio do meio-dia, uma anatomia da depressão, de Andrew Solomon).

Fontes:

Nações Unidas

Organização Pan-Americana de Saúde

Revista Galileu

SOLOMON, Andrew. O demônio do meio dia, uma anatomia da depressão. Trad. Myriam Campello. Companhia das Letras, 2000. 

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