Por Eva Caroline Sena
O Curso Férias da região nordeste aconteceu dos dias 20 a 27 de julho, em Camaçari – BA. Durante esses sete dias estudamos o livro de 1 Pedro e aprendemos sobre a caminhada da peregrinação. Entendemos que não estamos sozinhos nesse caminho, que, por muitas vezes nos traz dor e sofrimento. Ouvimos que Deus está o tempo todo ao nosso lado durante a caminhada. Mas também aprendemos a identificar outros peregrinos que, assim como nós, também encontram pedras pelo caminho. Aprendemos que as amizades nos fortalecem na caminhada.
Leia abaixo a percepção de Nathália Amorim (ABU Caruaru – PE) a respeito da importância dessas amizades durante a caminhada na missão:
O que é ter ou ser amigo? Para mim é: Ser/ter em uma pessoa um lar, uma morada. Ser/ter alguém para rir das piadas bobas, tirar fotos “zuadas”, que se tornarão figurinhas durante as refeições. É entoar vários clássicos da música brasileira, enquanto lava a louça com seu grupo de EBI, e em poucos minutos a louça de pouco mais de 80 pessoas já acabou e você nem percebeu. É ter/ser alguém que guarda seu café da manhã, porque você não está bem para levantar-se para o café. É compartilhar uma roupa para apresentação no SARAU. É correr para abraçar uma pessoa com amor. É conversar com alguém que não viu há anos, mas com a sensação de que não tivesse passado nenhum dia, pois o carinho é o mesmo. É poder fazer uma agenda pessoal, compartilhando dos mais profundos sentimentos sem medo de ser julgado ou exposto. É enxergar que alguém não está bem só olhando sua face e se importar, mandando uma mensagem, dando um abraço, trocando longos minutos de sono para ouvir, aconselhar e consolar. É abraçar tão carinhosamente uma pessoa, com os braços ou olhares, que ali se torna tão seguro, que logo vira casa, vira lar. Uma pessoa, um momento, te traz paz, paz de Cristo.
Em Eclesiastes 4:9-12, nos é falado como é melhor termos alguém com quem compartilhar o trabalho, o calor, o caminhar. Esse alguém pode ser um amigo! O CF é um espaço onde compartilhamos quarto, banheiros, momentos de refeição, momentos de lazer, histórias de vida, durante DIAS, quão difícil seria se fizéssemos tudo isso com pessoas que não se importam conosco-ou nós com elas-, que não tem um objetivo igual ao nosso, que não nos “sentíssemos em casa” com elas. Não é que todo mundo seja igual, tenha os mesmos gostos e formas de agir. Cada um ali é singular. E as vezes é difícil conviver, mas o amor que há em nós, que Cristo pôs em nós, o amor de ver o outro não apenas como mais uma pessoa, mas como um irmão, um irmão querido, escolhido a dedo por Deus para estar ali naquele espaço/tempo com você e que é irmão de missão, de peregrinação, isso faz com que tenhamos mais amor, mais paciência e empatia por cada um. Esse CF houve pessoas que estavam conhecendo o movimento há pouco tempo e aquele era seu primeiro evento regional, como tinha pessoas que estavam no movimento há anos. Teve pessoas com pouca idade, com mais anos de vida dados por Deus, e todos tinham tanto a compartilhar, a doar e ensinar. Tiveram pessoas que não se conheciam e outras que já se conheciam há tanto tempo, que já sabem das manias, os gostos, o temperamento, parece até que cresceram juntos, como irmãos. E com esses, o abraço de reencontro é tão longo e bom que em instantes já se pode se sentir em casa naqueles braços e abraços. Conhecer novas pessoas na ABU não é um problema, até os mais tímidos saem dos eventos com vários bilhetinhos do “Correio Arcaico”, cheios de carinho. Você pode até chegar sem conhecer ninguém, mas não sairá de lá sem conhecer todo mundo, pode até não lembrar do nome de todos, afinal às vezes são quase 100 pessoas, mas o rosto, as palavras, os gestos de amizade, esses não serão esquecidos. Esse foi o meu primeiro CF, apesar de já estar no movimento desde 2014, quando ainda cursava física na UFPE em Caruaru. Por já ter feito Acampamento de Verão (AV) em 2015, assim como vários Cursos de Férias (CF), Treinamentos Intensivos de Sábado (TIS), Treinamentos Intensivos de Finais de Semana (TIFIS) e andando por alguns Grupos Base (GB), eu conhecia muitas pessoas, e dessas, já fazia um bom tempo que não via, que estava com saudades, e reencontrá-las, abraçá-las, rir, brincar, aprender, compartilhar, comer, dormir, dançar, cear junto a elas foi tão bom, tão enriquecedor, me fortaleceu tanto, que nem eu faço ideia direito o quanto. Para ir ao CF, precisei de amigos para me ajudar, tanto financeiramente, quanto com orações, compartilhando meu pedido de doações e venda de rifas. Além de me ajudarem com a chegada ao local, cedendo um “sofá” para o pós CF, e até a despedida, onde lágrimas molharam meu rosto, pois sabia que não os veria por um bom tempo. Imagina você fazer parte de um pedido de casamento? Eu fiz! Quem esteve no sarau deste CF, esteve! Um pedido de casamento é algo íntimo e tão importante, onde escolhemos com todo amor e cuidado, o local, o momento, as palavras, a roupa, o perfume e quem desejamos que esteja naquele momento, afinal ele será compartilhado para as próximas gerações. Geralmente apenas familiares e amigos próximos fazem parte desse momento. O CF foi escolhido por um abeuense para ser o local onde ele pediria outra abeuense em casamento. Aquilo encheu meu coração de alegria, de esperança e pude ver Jesus ali, nitidamente.
Voltei de Salvador com mais amigos do que quando saí de casa, e, com mais aprendizados sobre amor, cuidado, respeito, paciência e missão. Peço a Deus que me dê sabedoria para cuidar das minhas amizades, para que possamos ser amigos-irmãos, rindo, cuidando, exortando e peregrinando juntos, para que Ele cresça. Que possamos ser casa, um lugar seguro e de amor, para nossos amigos, assim como que possamos valorizar e amar nossas amizades, entregando suas vidas a Cristo em oração. Que Deus ponha em nós a consciência de que nossas amizades da ABU são mais do que amigos, são irmãos de missão, de peregrinação e precisamos caminhar juntos, cuidando, exortando, ensinando e aprendendo um com o outro. Afinal, “Marcharemos cheios de coragem e seguiremos seja onde for, JUNTOS!”