Por Cíntia Oliveira*
“’Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens” – Colossenses 3:23 (NVI)
Eu não poderia começar este breve relato sem citar esse conselho do apóstolo Paulo. Eu amo esse versículo! Colocá-lo em prática é um grande desafio, mas é um desafio extremamente prazeroso.
Eu sou professora de língua portuguesa, trabalho em uma escola localizada em uma região periférica da cidade de Natal (RN). A realidade que os meus alunos vivem não é tão favorável para um bom aprendizado, muitas famílias são desestruturadas, falta interesse por parte dos alunos, faltam bons exemplos para eles dentro de casa, faltam recursos na escola, falta uma boa infraestrutura que os motive a estudar. O caminho mais provável para esses adolescentes e jovens, muitas vezes, é enveredar pelo mundo das drogas, do crime etc.
Ser um missionário na minha profissão é tratar os meus alunos com amor, afinal Deus é amor (1 João 4:8), é levar um pouco de esperança e alegria para eles – no momento das aulas, na realização de atividades, nas conversas durante os intervalos.
Trabalho com bastante leitura e produção de texto em minhas aulas. Em determinado dia, os alunos estavam produzindo relatos de memória sobre um momento marcante (feliz ou triste) que vivenciaram. Quase no final da aula, percebo uma aluna em prantos. Questionei o motivo de tanto choro, li brevemente o seu texto e percebi que a aluna só precisava de alguém que a ouvisse. Parei tudo o que estava fazendo e dei toda minha atenção à aluna. Dei alguns conselhos, falei abertamente a ela sobre Deus (como não apresentar a minha maior esperança a uma pessoa que precisa de um pouco de esperança?). Ao final nos abraçamos e pude refletir sobre suas dores.
Em outra aula, tive a oportunidade de trazer um pouco de esperança a um aluno enlutado, ele havia perdido o pai recentemente. No primeiro dia que o vi na escola após esse acontecimento, chamei-o para perto de mim, perguntei como estava e o abracei. Comovida, perguntei se ele acreditava em Deus, ele disse que sim, muito. Naquele momento, reforcei a ele que Deus era a pessoa que o conhecia e que estava com ele, inclusive naqueles dias de tristeza. Encerramos a conversa e tanto eu quanto o aluno estávamos com os olhos cheios de lágrimas.
Na oração sacerdotal de Jesus (João 17:1-19) podemos ver que estamos no mundo, apesar de não sermos do mundo. Já que estamos aqui, devemos levar a esperança para o mundo. Nós, enquanto cristãos, precisamos proclamar as boas novas com demonstrações e palavras. As comunidades em que vivemos e trabalhamos têm necessidades urgentes. Como vemos em Romanos 8:22, a criação geme aguardando os filhos de Deus. Somente o amor de Cristo pode nos levar a amar a comunidade e a fazer grandes coisas por ela. João 14:12 diz “’Digo a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai” (NVI). A nossa presença na comunidade em que vivemos e trabalhamos deve servir de abrigo, serviço, revelação do amor e da justiça de Deus.
As palavras de Paulo, que nos anima a fazer todas as coisas de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, é um grande conselho e recomendação que nos motiva a sermos missionários em nossos ambientes de trabalho. A esperança que eu conheci por meio do Evangelho, é essa a esperança que eu quero passar, diariamente, para os meus alunos! Agradar ao Senhor, com as nossas profissões, por exemplo, deve ser sempre a nossa maior motivação. Servir à comunidade deve ser a nossa grande alegria (Mateus 25:31-46)!
*Cíntia é licenciada em Letras e bacharel em Jornalismo pela UFRN, trabalha como professora na rede municipal de educação de Natal. Está na diretoria da ABP Natal.