Instituto de Preparação de Líderes 2020 – São Paulo (SP) – Oficinas

Por Mateus Barbosa

As oficinas fazem parte da programação do Instituto de Preparação de Líderes (IPL) e em 2020 o evento contou com algumas oficinas como o Descubra João e Dinâmicas Interdenominacionais. Veja abaixo o depoimento de alguns nordestinos e seus aprendizados.


A Semente, o Barco e a Cruz: Investigando os Evangelhos
Por Mateus Barbosa, graduando em Sistemas para internet da ABU Natal (RN)


Participei da oficina do obreiro Josué Penteado (Caps) de São Paulo que tratava sobre o processo de aperfeiçoamento de criação dos Estudos Bíblicos Indutivos. Do início ao fim da oficina, aprendemos a olhar para questões que deixamos passar batido ao criar um EBI para dar em nossas universidades. Antes de ler o texto bíblico que escolhemos estudar, é necessário ter conhecimento do contexto de cada um dos quatro evangelhos. Sempre me questionei o por que de ter quatro livros na bíblia que são bastante semelhantes, foi na oficina que essa dúvida foi sanada. Cada um dos evangelhos foram escritos pensando em públicos diferentes, por isso algumas passagens são diferentes e outras são iguais.


Ler um evangelho entendendo o porquê de cada passagem estar lá, muda a forma como você extrai o conteúdo. Ainda no contexto, é necessário buscar estudar mais sobre as culturas da época. Na oficina aprendi que Marcos é um livro pensado no público Romano, bem como Mateus é pensado nos Judeus, Lucas para os Gentios e João nos gentios de Éfeso e novos convertidos em geral.


Outro ponto que para mim foi importante, foi entender que as narrativas dos acontecimentos descritos nos evangelhos possuem arcos em suas seções, desse modo é importante detectar a introdução, clímax e solução, de forma que seja evidente qual a principal mensagem que o texto quer nos passar. Além disso, algo que ficou muito evidente foi entender que o novo testamento completa o antigo e vice-versa. Fizemos a análise do texto da primeira e segunda multiplicação dos pães. A partir de ambos os textos buscamos referências em passagens do antigo testamento que traziam várias referências aos elementos e números contidos no relato de Marcos. A oficina me fez despertar um novo desejo por aprender mais sobre cada um dos evangelhos, agora com um olhar mais sensível para a obra como um todo. Não somente para construir EBIs, o que de fato é mais relevante, mas para compreensão própria da palavra de Jesus para os diferentes povos.

Com as mãos sujas de terra
Por Ayla Fernanda, Graduada em Design de Interiores da ABU João Pessoa (PB)


Em muitos momentos de nossa vida cristã, tendemos a separar o sagrado do secular, o que é cristão ou não, criador e criação, criatura humana e todo o resto da criação. Não conseguimos ver que a criação como um todo aponta para seu criador, e que assim como o homem faz parte do plano redentor de Deus, toda a criação também faz. A oficina intitulada: com as mãos sujas de terra, que teve como mediador o obreiro Heitor Barboza, da qual fiz parte, trouxe uma perspectiva que na maioria das vezes excluímos de nossa vida cristã, mas que anda em paralelo com a criação do homem desde dos primeiros versículos em gênesis até o fim das escrituras. É impossível deixá-la à parte.

A oficina teve como principal objetivo nos trazer um entendimento e aprofundamento da relação do homem com o meio ambiente (ambas criações), sob a ótica do plano de salvação. Nisso acompanhamos e observamos o mundo criado e os recursos naturais dentro desta visão do plano redentor, desde a criação, onde Deus através do mandato cultural nos encarrega a função de cultivar e guardar toda a terra, como também, a queda e inversão de valores, redenção e consumação. Eu tinha uma expectativa diferente sobre o que veria nesta oficina, mas o Senhor com seu propósito perfeito, nos mostrou algo muito mais profundo e nos despertou para algo urgente, mas que damos pouca importância e relevância.

A palavra sempre respondeu e responderá aos mais diversos temas, mas ela só será resposta à medida que lemos e nos aprofundarmos nela. Da mesma forma, ela “sempre foi capaz de responder às diversas demandas humanas e ambientais”, assim como “fornece vários relatos onde um olhar para o meio ambiente é de suma importância”. Toda criação (natureza, animais…tudo), foram criados a partir da palavra, mas com o ser humano Deus suja suas mãos, do pó da terra Ele nos cria e com seu sopro nos dá vida. Assim também ele fez novamente, quando veio ao mundo. Então, como criaturas feito a imagem e semelhança de Deus, não sejamos indiferentes e displicentes ao mandato do Pai de governar sobre a terra, conservando o meio ambiente, cuidando, cultivando e guardando sua criação.

Pobreza e Evangelho: Perspectivas bíblica e histórica
Por Nathalia Amorim, graduada em Licenciatura em Física da ABU Caruaru (PE)


A oficina Pobreza e Evangelho: Perspectiva bíblica e histórica, foi a oficina que eu bati o olho e disse com convicção: “é essa que quero fazer!” O motivo? Identificação, desconformidade com as injustiças, sede de conhecimento sobre o assunto e um toque do Espírito Santo.


A oficina foi ministrada por Marília Cavalcante que trabalha com o Muda-te, movimento que leva as pessoas a morarem em zonas periféricas. Das várias coisas que me fizeram refletir e desejar agir (afinal reflexão sem ação/mudanças são vãs) é que a pobreza não é só falta de dinheiro, mas é um resultado histórico de injustiças sociais e raciais. E como cristãos não podemos ficar alheios a isso, afinal Deus é um Deus de justiça. Ele abomina a injustiça. Não há como ser cristão e não buscar justiça, viver alheio a isso. Outra coisa que me fez refletir é que quando pensamos em pobreza e como buscar resolver o problema da pobreza, pensamos em dinheiro, mas nem sempre o dinheiro é o problema, mas sim a injustiça.

Não é apenas dar dinheiro, mas é promover a justiça e busca para que todos tenham oportunidades dignas. É como eu posso me doar para promover a justiça e a igualdade de oportunidades. O que eu, no meu lugar, com meu espaço de fala e conhecimento posso fazer para promover a justiça? Eu tenho que fazer algo, não como opção, mas como ordenança. Não para ser uma cristã melhor que o outro, mas porque por amor aos meus irmãos eu tenho que buscar a justiça para eles e para mim.

A oficina foi regida a luz da bíblia, com textos e reflexões diversos de maneira que deixou mais evidente a urgência em nossa busca por justiça em diversos âmbitos, inclusive o social. Ao fim da oficina muitos pensamentos haviam sido confrontados, ideais de vida, riquezas, planos familiares e de vida. Minha maior convicção é de que posso fazer algo, com a oportunidade que o Senhor me deu (hoje sou formada em Licenciatura em Física, oriunda de zona rural do interior de Pernambuco e de baixa renda), tenho e quero fazer algo para que mais jovens, crianças e adultos possam ter mais oportunidades do que eu tive e escreverem sua própria história. Quero com eles, e por eles, lutar por justiça, doando meu tempo, conhecimento, voz e o que o Senhor quiser que eu doe. Quero usar meus privilégios para buscar a justiça e assim mostrar Cristo a essas pessoas.

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