Por Nilsa de Oliveira e Natan de Castro, secretários de formação da Aliança Bíblica Universitária do Brasil
É verdade que ninguém é aceito por Deus baseado em sua justiça própria ou em suas boas obras. Segundo o apóstolo Paulo, somos justificados diante do Pai por meio da graça, do sangue e da ressurreição de Cristo. Ou seja, somos justificados pela fé na redenção de Jesus (Romanos 3:23 e 24). No entanto, há um lugar para as boas obras na doutrina da salvação. O apóstolo Tiago nos lembra que elas são consequências naturais da fé. Elas devem evidenciar nossa justificação “porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2:26 – ARC). As obras não produzem a fé. A fé é que produz as obras. E uma não existe sem a outra.
Na carta aos Efésios, Paulo diz que a salvação se dá “não por obras” e, imediatamente, acrescenta que “foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós” (2:9-10. NTLH). As obras são, portanto, ações que praticamos em obediência à Palavra de Deus, que geram vida ao próximo e glorificam o Pai. As preposições nesse texto são cruciais para compreendermos a relação entre obras e salvação. Não por obras, mas para obras fomos salvos. Paulo e Tiago concordam: boas ações são decorrência da salvação.
A obra missionária se encaixa na história de salvação ao trabalhar com Deus para reconciliar um mundo caído. Não porque ele precise de nossa ajuda, mas porque é generoso e nos convida a participar. Ele está reconciliando consigo o mundo e nos confia a mensagem de reconciliação (2 Coríntios 5:19). Deus labora pela reconciliação, nós co-laboramos. Deus opera a missão, nós co-operamos.
Como? Comprometendo-nos. O compromisso é uma resposta humana à graça de Deus! Tem a ver com a nossa obediência, com a nossa responsabilidade de servir, amar e proclamar o Reino, denunciando injustiças, vivendo uma vida santa à semelhança de Jesus. Tudo isso está ligado à participação humana no processo da salvação, pois Deus nos salva para fazermos algo em seu Reino.
Considerando esse aspecto responsivo de nossa salvação, escolhemos a palavra “compromisso” para ser o eixo-temático de formação na ABUB em 2019 e 2020. Tudo o que temos realizado em nossos espaços de formação tem como objetivo fortalecer nossa fé e nosso compromisso com Deus e com sua palavra, a fim de cumprirmos aquilo para o que fomos chamados. Queremos formar líderes íntegros, sensíveis às necessidades ao seu redor, dispostos a acolher a dor alheia, comprometidos com a promoção da vida, da paz e da justiça. Queremos também que sejam capazes de testemunhar – de forma contextualizada e graciosa – sobre sua fé em Cristo.
Começamos essa caminhada de formação em junho de 2019, no Encontro de Corpus Christi. Unimos nossas vozes à do profeta Habacuque para clamarmos “Até quando?”. Também fomos confrontados sobre como temos feito o anúncio do Reino de Deus e como temos assumido nosso papel profético de denunciar o mal e as injustiças. No mês de julho, em nossos Cursos de Férias, nos debruçamos sobre a carta de 1 Pedro e caminhamos ao lado dos cristãos que habitavam em províncias romanas enfrentando sofrimento e dificuldades por causa de sua fé. Percebemo-nos como “Peregrinos” que foram convidados a realizar as boas obras nos lugares em que estamos dispersos. Por fim, em janeiro de 2020, estaremos reunidos para mais um Instituto de Preparação de Líderes. Desta vez, estudaremos o Evangelho de Marcos. Novamente estaremos diante do Rei que deu sua vida em favor de nós e que nos exorta a segui-lo pelo “Caminho da Cruz”.
Tudo isso desembocará no Congresso Nacional, em julho de 2020, no qual atuaremos, clamaremos e oraremos juntos: “Venha o teu Reino!”.
Que nessa caminhada formativa sejamos conduzidos pelo próprio Deus. Que Cristo nos ajude a assumirmos um compromisso vivo com sua pessoa e seu Reino. Que o Espírito Santo continue nos capacitando para as boas obras da missão estudantil para a qual fomos chamados.