Quando entrei na diretoria da região norte da ABUB deparei-me com um grande desafio: a sustentabilidade da nossa região. E, pensando nisso, comecei a avaliar a maneira como eu lido com esse assunto: dízimos, ofertas, doações, enfim, a minha “vida” financeira.
Para começar, lembrei que umas das críticas que mais tecem aos evangélicos em geral é: “Só pensam em dinheiro!”, “Essa igreja só quer é o dinheiro do povo!”… Isso acontece por conta de um estereótipo que é veiculado cotidianamente nas redes de comunicação e alimentado pelos deslizes de muitos que deveriam ser exemplo. Cresci ouvindo esse tipo de comentário, e olha que me tornei protestante aos 15 anos de idade, muito antes isso já era frequente. Então comecei a me perguntar: “Como vou saber que o dinheiro que vou dar vai ser bem usado?” É uma pergunta justa.
Além disso, comecei a pensar em minha própria relação com o dinheiro e a questão da oferta: sempre tive muita vergonha de pedir dinheiro aos meus pais, por isso desde os 13 anos comecei a trabalhar para conseguir meus trocados. Lanchonete, lan house, aulas particulares, babá por uma noite… Apesar disso, sempre tive dificuldades de me organizar financeiramente. Até hoje tenho, confesso. Tendo alguns meses que chego a ficar nervosa de tanta coisa que acabo comprando, ficando toda enrolada!
E se tenho dificuldades de pedir aos meus próprios pais, que dirá a outras pessoas! Dificuldades em pedir sem me sentir constrangida, com o medo de tornar-me alvo ou reforçar a mesmas críticas que citei acima, além de estar com a sensação de ser um peso para alguém. Como posso ofertar com alegria se não consigo receber com alegria?
É aí então que me lembro das várias oficinas que recebi na ABU, sobre mordomia principalmente.
Não podemos excluir o dinheiro das nossas vidas, é um fato. O que nos resta é saber viver bem com ele e não deixá-lo tomar conta das nossas prioridades. Ele não deve ser uma prioridade, deve servir às nossas. Deve servir aos propósitos de Deus, porque Ele é Senhor de TUDO.
Este ano, tomada por aquele espírito de ano novo, decidi perguntar-me todos os dias: “A quem estou servindo?” (Lucas 16:13). Quero me policiar quanto a isso, pois o que tenho e ganho, tenho e ganho porque Deus permite, e não é justo que Ele não seja prioridade nessa hora também e glorificado através disso. O dinheiro e o consumismo muitas vezes são o foco da nossa atenção, as causas das nossas ansiedades, os motivos de inveja, tristeza e por aí vai… A área financeira da nossa vida também precisa passar pelo crivo bíblico. Numa sociedade onde as pessoas vivem escravas dessas relações de consumo e têm grandes sofrimentos por causa disso, nossa conduta com relação à maneira com que vivemos com o dinheiro que temos também reflete o evangelho. Ofertar também faz parte da missão.
Depois de refletir sobre essas questão decidi quebrar estes tabus na minha vida, começando por me tornar uma doadora regular para a minha região e me organizando para isso. Por que decidi isso? Bem, primeiro, quero ter certeza que o pouco que posso oferecer vai ser bem usado, e eu sei que vai, pois conheço as dificuldades e vejo os frutos que Deus tem permitido que sejam colhidos nesta missão. Vejo também o quanto, mesmo com um saldo negativo bem grandão, as coisas continuam andando por aqui no Norte, essa é uma das provas da misericórdia de Deus e que mostra que essa missão é de fato dele!
Nossa região é a maior do Brasil, a questão geográfica influencia muito nossas finanças, afinal, passagens aéreas para Manaus, por exemplo, são bem caras. Isso, muitas vezes, dificulta a participação das pessoas nos eventos regionais e nacionais, e, principalmente, a própria locomoção do nosso assessor (que é o único também por causa da situação financeira da região) e dos membros da diretoria regional. Se eu sei de tudo isso, se eu vejo o trabalho, se eu conheço as pessoas que têm suas vidas transformadas pelo trabalho da ABU, como não ajudar, como não fazer a minha parte? Você pode servir trabalhando, ensinando, participando das atividades e essa é uma ajuda muito bem vinda! Nós precisamos e queremos isso! Mas, se eu tenho alguma condição de ajudar financeiramente, por que não fazer isso? Essa é, de certa forma, uma obrigação minha e uma maneira de deixar Deus me ensinar a lidar com as minhas questões pessoais quanto ao dinheiro.
Costumamos brincar que estudante não tem dinheiro, ok, pode até não receber um salário mensalmente, mas, fala sério, sempre rolam as saídas no final de semana, o lanche na faculdade, a roupa, o sapato, o celular… Será que se fizermos uma forcinha pra nos organizarmos e ofertar aquilo que é possível, não conseguimos? Eu acho que sim!
Incentivo todos os estudantes nortistas a ofertarem à região! Você pode fazer isso através da sua diretoria local (converse com seu tesoureiro local e o mesmo repassará tudo certinho à tesouraria regional) ou pelo sistema de mesada, que é bem simples e cômodo (além de não ter o risco de esquecer, por exemplo!).
Lembre-se de Paulo falando à igreja de Corinto:
“Todavia, assim como vocês se destacam em tudo: na fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação completa e no amor que vocês têm por nós, destaquem-se também neste privilégio de contribuir.” – 2 Coríntios 8:7-8
Contribuir é um privilégio, é um ato de amor e confiança.
#Dica de leitura:
Este texto foi publicado recentemente aqui no site da ABUB e me encheu de esperança e vontade de ofertar!: