Prudentes: entregando e confiando em Deus

Por Giovanna Amaral, secretária de administração e comunicação da ABUB

“Há muito tempo atrás havia um homem muito rico. A sorte estava ao seu lado e, quanto mais tinha, mais acumulava! Ele havia feito um bom investimento e os rendimentos lhe asseguraria uma vida confortável para muitos anos adiante. Seu coração desejava usufruir o muito que possuía. Era justo! Mas, ele não contava que a morte já estava à sua porta. A recompensa esperada por seu coração simplesmente não chegou. Outros desfrutarão em seu lugar”.

Do que se trata esse acúmulo sem proveito? Uma grande loucura, como afirma a parábola de Jesus em Lucas 12. Ou apenas o “vapor” ressoado no coro insistente de Eclesiastes.

Observando esse trecho do livro tema do Instituto de Preparação de Líderes (IPL) e Acampamento de Verão (AV) de 2018, “Riquezas Reais”, qual é o ponto crucial desta parábola? Sem dúvida, a confiança do ser humano em suas habilidades, encerrando em si mesmo todas as possibilidades futuras.

Quando Deus nos criou, nos deu múltiplas habilidades. Uma delas foi a de administrar e planejar, prevendo e antecipando cenários futuros. É tão natural como respirar – o que não quer dizer que façamos necessariamente bem.

Quando observamos a ABUB como uma organização missionária ou associação religiosa, da forma que a lei de nosso país nos nomeia, sabemos que há uma parte administrativa necessária. Os obreiros devem receber seu sustento, há impostos, taxas, movimentações contábeis a serem declaradas e registradas para o governo. O escritório nacional, como um espaço físico, exige também esforços para seu funcionamento e para que o local seja adequado ao uso.

Administrar bem é parte da integralidade da missão. Administrar bem é responder com zelo ao Senhor que confiou muitos talentos a nós.

E como temos administrado os recursos financeiros da ABUB? Caminhamos com prudência, zelo e esperança em Deus ou estamos apegados, de modo acomodado, aos esforços anteriores, que “acumularam riquezas”? Ou ainda, estamos paralisados pela desesperança ao reconhecer as nossas fragilidades e a efemeridade dessas riquezas?

Especialmente nos últimos cinco anos, ano após ano, temos decidido investir no crescimento da missão os recursos acumulados com imóveis adquiridos e vendidos nas décadas passadas. Assim, algumas regiões pioneiras, ou em dificuldades de estabelecer o equilíbrio econômico, receberam esses recursos. Bem como áreas chave para estruturar o movimento nacional.

Há dez anos, tínhamos na ABUB três obreiros nacionais e três regionais. Além de um contador externo. Hoje, trabalhando em tempo parcial ou integral, somos dez obreiros nacionais (cinco executivos, cinco em áreas específicas, como administração) e dez regionais, fora um em acompanhamento. Ainda temos o suporte de uma assessoria contábil externa e de uma assistente administrativa. Já os grupos locais tiveram em 9 anos um crescimento de cerca de 40%, de 85 (no Congresso Nacional de 2008) para 146 grupos.

Investimos muito nos processos de mobilização de recursos, seja monitorando as finanças, comunicando com doadores, desenvolvendo políticas etc. Buscamos conhecimento com ONG’s brasileiras e recebemos muita capacitação do nosso corpo internacional, a Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, a IFES.

Pela graça de Deus, crescemos. Porém, nossos celeiros se esvaziaram, pois ao contrário do homem da parábola de Lucas 12, nosso desejo foi de acumular tesouros eternos.

O nosso desafio hoje é confiar na providência de Deus, que dá o crescimento. Essa providência já é visível nas centenas de doadores que nos suportam, alguns de modo sacrificial e fiel, há décadas. Reconhecemos que necessitamos de mais pessoas e igrejas contribuindo para alcançarmos o equilíbrio.

Pessoalmente, me causa um grande incômodo esta fala abaixo atribuída ao escritor C.S. Lewis, mas, para que meu coração seja salvo da ganância, eu preciso me arrepender e constantemente lutar contra as amarras do senhorio do dinheiro e de um estilo de vida consumista:

“Se as nossas doações não nos apertam ou causam inconveniência, devo dizer que elas são pequenas demais. Deveria haver coisas que gostaríamos de fazer e não podemos, porque o nosso compromisso em doar não nos permite.”

Gostaria de encerrar este texto com uma oração, pois creio que a oração é uma ação – e das mais efetivas, que nasce de dentro para fora.

Senhor, na medida que planejamos e administramos o que temos, dá-nos corações humildes e ouvidos atentos a ti. Nós submetemos nossos sonhos, estratégias, análises e processos aos caminhos que tens para nós na ABUB.

Estamos conectados à videira verdadeira, que é Jesus. Ele nos nutre. O Senhor, o pai, é o agricultor. Nós precisamos de sua poda, ainda que dolorosa, para que tenhamos mais frutos. Reconhecemos que muitas vezes confiamos muito mais no que acumulamos e nas obras de nossas mãos do que em ti. Mas isso é um grande vazio. Pedimos perdão.

Nesse processo de confiarmos só e apenas em ti, forma em cada um de nós, e no movimento como um todo, um coração obediente.

Envia Senhor, mais pessoas dispostas a contribuir financeiramente para nossa missão. Ajuda-nos a sermos servos zelosos do que o Senhor nos tem confiado.

Somos apenas teus servos, diferentes membros de um só corpo, e queremos cumprir teus propósitos. No nome de Jesus, nossa videira. Amém.

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