Por Jessica Grant e Sarah Nascimento. Publicado originalmente no Entre Nós de 2023.
Sarah e Lucas (de máscaras) reunidos com o pessoal em Uberlândia (MG)
Em março de 2023 a ABU Uberlândia (MG) organizou um culto dentro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Com o objetivo de acolher os novos estudantes, o evento foi organizado em cima da hora e recebeu apoio das igrejas locais.
“Deu tudo certo”, conta Thiago Moreira, integrante do grupo. “Muitos estudantes participaram e foi a primeira atuação que a gente teve com as igrejas locais. Logo depois, a gente participou de um evangelismo com uma igreja dentro da universidade. Temos demonstrado que somos um braço delas, que podem contar conosco. Porque a universidade é um lugar em que as igrejas têm dificuldade de entrar, mas estamos lá dentro, falamos a mesma língua.”
Um ano antes, o grupo estava desarticulado e prestes a ser encerrado. O assessor da região Minas Gerais, Heitor Barboza, saía de Belo Horizonte com destino ao Triângulo Mineiro. Era uma viagem missionária com os abeuenses Sarah Nascimento (ABU Juiz de Fora) e Lucas Neves Ribeiro (ABU Itajubá).
Um dos objetivos era visitar cidades que precisavam de apoio. Naquela microrregião havia dois perfis: grupos locais sempre ativos que estavam fracos, como ABU Uberaba e ABU Uberlândia, e grupos que sempre foram fracos mas se reestruturaram durante a pandemia, como ABU Patos e ABU Rio Paranaíba.
Depois de tanto tempo online, esse retorno presencial era importante. Lucas conta que sentia necessidade de ver os companheiros de missão e ter experiências. “Eu estava ansioso de encontrar, ouvir e contar histórias, ajudar e ser ajudado, se conectar de novo”, afirma.
Heitor compartilha que a viagem o ensinou sobre conexões. “O que a gente oferece em termos de formação é menos estratégico e menos impactante do que oferecemos em termos de presença. Para os grupos, é mais importante ter a gente lá. O que eu preparo, exposição bíblica, oficinas, é muito pouco perto do relacionamento.”
A viagem ao Triângulo Mineiro teve uma série de pedras no meio do caminho… “Foi bem planejado”, diz Lucas, “só não saiu como a gente planejou”. Depois de um treinamento em Uberaba, Heitor adoeceu e foi internado em Uberlândia. Sarah e Lucas não dirigiam, então deixaram de ir para as próximas cidades e ficaram o restante do tempo na cidade.
O grupo de lá estava desarticulado, sem renovação e com uma geração concluindo o ensino superior. “Nossa conversa era de que estava tudo bem fechar o grupo. Deus é o Senhor da missão. Nós tranquilizamos a liderança sobre o fim do grupo, falamos que se Deus enviar mais gente, amém, se não enviar, amém também”, conta Lucas.
Ao redor da mesa em Uberlândia durante a viagem
E Deus enviou. Como não puderam seguir viagem, Sarah e Lucas tiveram mais conversas e atividades em Uberlândia do que o esperado. Uma menina entrou em contato com as redes sociais da região procurando ABU na cidade enquanto estavam lá, uma coincidência divina. Também organizaram um estudo bíblico não planejado em que muita gente foi, inclusive pessoas que não participavam do grupo e alunos do primeiro ano.
“Muitas pessoas que ajudaram a reestruturar o grupo e entraram na diretoria local eleita no mês seguinte foram pessoas que encontramos enquanto estivemos lá. Thiago foi até para a diretoria regional. Deus nos manteve ali pra impactar a vida deles e eles estão impactando a vida de outras pessoas agora”, compartilha Lucas.
Thiago teve contato com a ABU Uberlândia no final de 2021, quando os estudos bíblicos estavam online, e esteve no culto em que Sarah e Lucas estiveram. “A viagem serviu para passar uma mensagem de esperança para as pessoas que estavam saindo do grupo, de que Deus está no controle de tudo. Quando a viagem terminou, parece que foi bem desanimador, com a notícia de que a ABU Uberlândia ia fechar. Mas Deus surpreendeu! Foi no retorno presencial que percebemos a força do movimento”, conta o estudante.
Grupo da ABU Uberlândia reunido em 2023
Lucas e Sarah voltaram para suas casas, Heitor teve alta e continuou o tratamento em Belo Horizonte. Enquanto isso, a cada semana uma nova pessoa aparecia nos encontros bíblicos da ABU Uberlândia. “Hoje estamos com cerca de 26 estudantes em nossos núcleos”, conta Thiago.
O grupo já organizou várias atividades e segue planejando encontros de comunhão. “Entendemos a importância disso para a missão, nesses momentos abordamos assuntos que estão intimamente ligados ao ambiente universitário e aos seus desafios, podemos compartilhar de forma mais descontraída, conversar e criar laços”, explica.
Além de entrar para a diretoria regional, Thiago também participou da rede de mentoria do projeto Emaús, organizado pela catalisadora abeuense da Iniciativa Logos e Cosmos Deborah Vieira e pela voluntária Rafaela Roberto. “Me ajudou na minha caminhada na ciência e a perceber a grandeza de Deus revelada a partir de uma visão holística da nossa atuação”, diz.
Da interrupção dos planos, aos frutos em um grupo totalmente reestruturado e engajado. Lucas resume sua perspectiva sobre a história: “Deus usou toda a situação e o caos fora do planejamento para algo que, no momento, nós não conseguíamos ver. E foi melhor do que os nossos planos”.
Novos caminhos
Em 2023, o assessor Heitor organizou mais uma viagem missionária no início do ano. Desta vez, para o sul de Minas Gerais, visitando grupos fragilizados que não enviaram representantes nos eventos presenciais de 2022. Novamente ele levou consigo dois líderes regionais. Os planos também foram alterados, mas para adicionar mais cidades e visitas! Uma dessas mudanças foi um contato repassado por… Thiago, de Uberlândia.
Heitor tem claro um panorama dos seus sonhos para a região e tem convidado os antigos abeuenses a participarem. Ele quer investir em:
- Reestruturação, consolidação e crescimento de grupos locais, envolvendo grupos pioneiros. E Deus já tem feito muitos novos contatos!
- Fortalecimento da assessoria auxiliar, sonhando em ter um voluntário apoiando cada grupo local.
- Melhora da mobilização de recursos. Investir nisso também é investir em outras questões do movimento. O apoio pode ser de infinitas formas. Ajudando abertura de grupo, como assessor auxiliar ou como doador.
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